O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, julho 28, 2014

A PALAVRA NEUTRA


 A Bela de Vermelho e o Cavalo de Branco
« sem qualquer sombra, e por mais difícil que seja dizer para si mesmo frontalmente, há esse desejo de encontro, essa falta interior do Outro. Esse Outro.... »

e acabo aqui, o que ia escrever...  mas antes quero dizer algo, para depois escrever sobre o que me fez interromper o texto acima:  
(...)

Agora sim, vou escrever o que me fez parar a crónica da Bela Vermelha e do Cavalo Branco. fui desviada, é verdade!!
 

mais uma vez me falta a palavra neutra, para aplicar tanto à mulher e ao homem... a existir esta separação na linguagem, obriga a uma cisão, a colocar-se entre margens. Esquece-se que em ambos os sexos, há elementos que lhe são comuns e que não parte de géneros, e ter que ver-me obrigada a usar uma expressão feminina ou masculina causa-me «danação». É mais fácil falar de coisas do reino inanimado, porque eles não se vão ofender, julgar... podemos dizer-lhes o que apetece. Se é um armário, podemos embelezar ou desconstruiu-lo de todas as formas. Agora, ter-me que me dividir e aplicar o meu dirigir à Outra, ou, ao Outro empobrece-me. Quando eu, não quero isso, em absoluto!!

Sou uma Contadora de Histórias; uma Fazedora de Crónicas; uma Narradora de Emoções e Relacionais!! Nunca fui de causas masculinas e nem femininas... obviamente, que não é por isso que menosprezo as visões patriarcalistas; e nem é por isso, que também ignoro as visões matriarcalistas. Ambas estão em opostos terríveis e, se devorando tanto no plano consciente como no inconsciente. Posto que a verdade, é que há uma sombra, e se uma fica como predominante, há nos bastidores, outra que funciona no mais profundo dos silêncios... porque de facto, nada morre e o Universo, diz que, o caminho será para a integridade, custe o que custar, mesmo que os patriarcas berrem para manter os seus valores conceituais; e as matriarcas se esfolem para prevalecer a sua natureza ... porque há-de chegar um tempo, que ambas as serpentes enroladas no caduceu, haverão de se engolir uma à outra. Nenhuma do que era, ficará... não haverá prevalência nenhuma. Posto que duas cobras ou serpentes (depende do nível psíquico delas) que se devoram uma à outra ao mesmo tempo, não terá e haverá vencedoras. Ambas se prostrarão aos pés do caduceu, sem nada. Infalivelmente MORTAS.
Muitas vezes, sinto que pertenço a uma outra sociedade de valores, cultura e educação que não existe ainda... nasci a dançar, gostava de fazer coisas em alegria pura... e sempre disse para mim, que nascera nos tempos e vida errada!!! Vejo-me, contudo, presa nesta sociedade geracional que sempre tende a formatar e dirigir a Mente Humana para os seus interesses, nunca favorecendo a Liberdade e sim, criando condições à Libertinagem e que, é senão mais que o aniquilamento do ser-se um individuo inteiro, para cair na desmembração de todas as actividades atávicas, que geram assim, uma falta de ligação e um sentido e uma compreensão abrangente da vida e de Si Mesmo. As matriarcais querem o sentido da Vida e da unidade sendo expresso; as patriarcais negam a ligação do Homem e da Mulher ao Espírito Maior da Vida, e prendem o homem às leis da sociedade, e com isso todos acabamos por ser animais internos... ou seja, o Leão mata com a boca sem palavras e com as patas sem dó; o Homem usa a boca com palavras para desferir por todo o lado a raiva e todas as expectativas e, com as mãos mata com prazer ou raiva consciente.
Depois pelo meio, há esses fundamentalismos: Machistas e Feministas; exacerbação do Ego Masculino sobre tudo e, ausência total de Ego Feminino _ lá está, sim, também há Ego Feminino, só que totalmente ausente nas sociedades actuais, que é exclusivamente Patriarcal, e ainda dizem, os homens, que estão a ser desvalorizados dentro do reino que eles próprios conceberam?!

Com se vê, gasta-me energia ter que ficar entre estes dois fundamentos, duas legiões, duas metrópoles (uma visível e outra invisível)... daí, querer uma palavra neutra, para expressar algo que não é medido em termos de ideologias de género. As duas linguagens, Outro e Outra estão gastas pelo tempo, e tudo o que já foi dito, já foi escrito muito antes... repetir à exaustão não me parece resolver as coisas. Não passamos de Indivíduos sob forças para além de nós, essas que ocorrem nos bastidores da nossa realidade! Também, esquecemos que a Mente, é a maior predadora, já que dela se origina o Caos, a Desordem... nela se infiltram processos oriundos de coisas sem nome, os quais denomino, em parte, de controlo por Ondas Alfa e que escapa à consciência. Não somos donos dos nossos pensamentos - Não nascemos com eles à partida! É importante que se saiba isso, por isso, a mente é essa coisa que está aberta a ser penetrada e ser absorvida por tudo o que lê e ouve...
Homem e Mulher são um produto do que lhes foi imposto... portanto, nada lhes pertence... são vasilhas de processos mentais absorvidos de qualquer Artigo, Livro... completamente estatelado de informações e manuais de sobrevivência - já que julga que o próximo é um animal que o vai devorar, e ele não pensa que também é um animal -. Do que adianta saber toda a história do mundo, de como todas as guerras foram perpetuadas, se depois de se saber tudo, continua-se a agir como um animal, a processar os mesmos erros; a tratar o próximo com mais selvajaria? É esse que é o Grande Conhecimento que Liberta? Ou isso, é o Grande EGO que se assenhora do Conhecimento (possível) para destruir tudo o que é vida, inclusive essa experiência que é Amor, Paz, Sabedoria, Sensualidade, Vida...

«são os actos que denunciam, e a esquizofrenia de palavras entre o que se pensa e o que se diz e depois o que se faz!!! as pessoas deviam nascer Surdas, porque isso permitia-lhes observar mais os actos e percebiam que a palavra, sempre é um punhal em riste para destruir e não alquimizar!!!»
No fim, como irei arranjar essa forma, essa palavra neutra para escrever?? Sem ter que me dirigir, é para o Homem é para a Mulher!! Há coisas que quero escrever sem esta dualidade e tão separada que engendra toda a espécie de dramatismos. Não, não é ignorar a dualidade, e nem é não aceitar... é apenas mudar o discurso já tão velho!!! Isto vai ser como encontrar uma agulha em palheiro!!! Daqui a pouco vou começar a dizer EU. Já que é tão abrangente, e quando alguém lê, lerá Eu... sem sexo algum, apenas Eu."

in naosoueaoutra

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