O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, julho 31, 2014

A VIOLÊNCIA MASCULINA QUE IMPERA NO MUNDO


Elizabeth Stanton, nasceu em Nova Yorque, em 1815, e dedicou a sua vida à causa da emancipação das mulheres e participou activamente no movimento abolicionista. O discurso foi lido na Convenção Sufragista, 1869, em Washington, e foi considerado um dos 50 melhores discursos da História.    

 


VERDADES QUE NÃO FORAM ULTRAPASSADAS
 
 " O elemento masculino é uma força destrutiva, inflexível, egoísta, ambiciosa, amante da guerra, da violência, da conquista, geradora, tanto no mundo moral como no material, de discórdia, desordem, doenças e morte. Basta ver o rasto de sangue e crueldade que as páginas da História revelam! Com quantas escravaturas, massacres e sacrifícios, com quantas inquisições e prisões, dores e perseguições, códigos negros e credos sombrios a alma da humanidade se debate há séculos, enquanto a compaixão virava a sua face e todos os corações estavam mortos para o amor e para a esperança! O elemento masculino tem desfrutado de uma verdadeira folia carnavalesca.
Desde o início, foi crescendo descontroladamente, sobrepondo-se em todo o lado ao elemento feminino e esmagando as qualidades mais sublimes da natureza humana, até que, hoje, sabemos muito pouco sobre a verdadeira masculinidade e feminilidade- sobre esta, practicamente nada, pois mal foi reconhecida como uma força até ao séc passado   A sociedade não passa de um reflexo do próprio homem, intemperada pelo pensamento feminino, é o rígido pulso de ferro que sentimos na Igreja, no Estado, no Lar. Não é de admirar a desorganização e o estado de fragmentação em que tudo se encontra se pensarmos que o homem, que representa apenas metade de um ser e tem apenas meia ideia sobre cada assunto, assumiu o controle absoluto de tudo o que se passa sobre a terra........" Dizem que o direito ao sufrágio vai tornar a mulher masculina" Esta é exactamente a dificuldade com que nos debatemos hoje em dia. Apesar de privadas de direitos cívicos, temos poucas mulheres na verdadeira acepção da palavra. O que existe são apenas reflexos, variações e diluições no género masculino. As características fortes e naturais da feminilidade são ignoradas e reprimidas devido à dependência, pois enquanto for o homem a alimentar a mulher ela tentará agradar ao dador e a adaptar-se às suas condições. Para conseguir conquistar uma posição na sociedade, a mulher deve  parecer-se o mais possível com o homem, reflectir as suas ideias, opiniões, virtudes, motivações, preconceitos e vícios. Deve respeitar os estatutos masculinos, embora a despojem dos mais elementares direitos alienáveis e contradigam a lei superior escrita pela mão de Deus na própria alma da mulher. A mulher tem de aceitar as coisas como são e tirar delas o melhor partido possível   até que chegue a hora dum novo evangelho de feminilidade que exalte a pureza, a virtude, a moralidade e a verdadeira religião para elevar o homem a planos superiores de pensamento e acção..."
O grande curador que é o amor feminino, se lhe fosse permitido manifestar-se livremente, como seria natural, contra a opressão, a violência e a guerra, restringiria as forças destrutivas, pois a mulher conhece o custo da vida melhor que o homem e, com o seu consentimento, nem mais uma gota de sangue seria derramada, nem mais uma vida sacrificada em vão.

No mundo natural, com toda a sua violência e agitação, assistimos a um esforço constante para manter um equilíbrio de forças. A Natureza, qual mãe carinhosa, está constantemente a tentar manter nos seus respectivos lugares a terra e o mar e as montanhas e os vales, a apaziguar os furiosos ventos e vagas, a temperar os excessos de calor e de frio e de chuva e de seca, para que a paz, a harmonia e a beleza possam reinar supremas. Há uma espantosa analogia entre a matéria e a mente, e a actual desorganização da sociedade avisa-nos de que, com a destruição da mulher, libertámos os elementos de violência e destruição que apenas ela tem o poder de controlar. "

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