O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, dezembro 26, 2002



"Então foi o meu beijo que te abriu a visão do mundo"?

"A visão do mundo traduz-se pela integração dos dois princípios opostos que Kundry (iniciadora...) e Amfortas representavam: matéria e espírito, inconsciente obscuro e consciência iluminada. Kundry é o rosto do instinto, o instinto sem a razão destrói. O equilíbrio surge quando, reconhecendo ambos, o herói é capaz de os integrar (de os transformar). Kundry, de tentadora, passará a serva, e Amfortas de rei a súbdito: uma e outro propiciando a individuação.

Com o reino das trevas se abre o reino da luz. Com o crepúsculo dos deuses se tece a aurora do homem, que, através de Parcifal, se permite inserir de novo no mito do andrógino no tempo que é de wagner, e é o nosso: o temp, ou o temp/espaço, do inconsciente eterno."


in "LITERATURA E ALQUIMIA"

De Y.K.Centeno




ADORAR

"Adoração! Isto é: AD-OR-AR! Tornar DOURADO! E levar ao OURO o ser. E isto está aqui! Não é uma coisa teórica. Existem, até, tratados sobre o assunto! Eu estou-me a lembrar de Rumi e de Kabyr, mas especialmente de Rumi, o poeta místico do Islão esotérico.
E este campo, da adoração, este levar até ao ponto em que eu não aspiro apenas, mas Adoro, eu começo a entrar nos coros Angélicos do plano Espiritual. A Aspiração é um acto viril, de atravessar para além do conhecido. A Adoração é um acto feminino de saber-se única e exclusivamente Câmara de revelação do Divino. Como a câmara fotográfica. A Adoração é esta autoconsciência. Consciência de si, como uma câmara de revelação do Divino."


Encontros de Belém - André

ROSAS...para a Galiza

Abride, as frescas rosas;
brilade, os caraveles;
do seu jardim os árvores, vesti-vos
cas lindas folhas verdes;
parra que um tempo sombra nos prestaches,
a cubrir-vos de pámpanos volvede.
Natureza fermosa,
a mesma eternamente,
di-lhe aos mortais, de novo aos loucos di-lhe
que eles nomais perecem!


ROSALIA CASTRO - poetisa galega do século XIX



Eu não sei muitas coisas, é verdade.
Apenas falo do que tenho visto.
E já vi:
que o berço do homem o embalam com histórias,
que os gritos de angústia do homem os afogam com histórias,
que o pranto do homem o tapam com histórias,
que os ossos do homem os enterram com histórias
e que o medo do homem...inventou todas as histórias.
Sei muito poucas coisas, é verdade,
mas adormeceram-me com todas as histórias...
e sei todas as histórias.


LÉON FELIPE (1884-1968)
(tradução de José Bento)

1 comentário:

Anónimo disse...

Oii Rosa, lindo (sou eu a Ana)