O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, dezembro 11, 2002



UM ANO DEPOIS...

Depois de tantos dias em mudanças e sem Internet, regresso hoje, precisamente um ano depois, como por acaso, na nova casa acabada de instalar a NetCabo, nem há cerca de uma hora...

Aqui estou de novo e com muitas saudades de toda a gente com quem troquei impressões e mensagens e muito especialmente agradecida à Ana Maria Gonçalves que faz hoje um ano me apresentou esta página para eu expandir os meus sonhos e ideias...

Obrigada Ana e obrigada Brasil, pois é do Brasil que mais recebo carinho e interesse.


Que melhor recomeçar do que com um "Fausto" de Pessoa?

Em diálogo sobre o AMOR...



Maria:

Amo como o amor ama.
Não sei razão para amar-te mais que amar-te.
Que queres que digas mais que te amo,
Se o que quero dizer-te é que te amo?
Não procures no meu coração...

Quando te falo dói-me que me respondas
Ao que te digo e não ao meu amor.
Quando há amor a gente não conversa:
Ama-se, e falas-me para se sentir
Posso ouvir-te dizes tu que me amas,
Sem que mo digas, se eu sentir que me amas.
Mas tu dizes palavras com sentido,
E esqueces-te de mim: mesmo que fales
Só de mim, não te lembras que eu te amo.
Ah, não me perguntes nada, antes me fala
De tal maneira, que, se eu fosse surda,
Te ouvisse todo o meu coração.

Se te vejo não sei quem sou; eu amo.
Se me falta, (...)


In “FAUSTO, FERNANDO, FRAGMENTOS...”


E AINDA PESSOA...

Ah, tudo é símbolo e anologia!
O vento que passa, a noite que esfria
São outra coisa que a noite e o vento –
Sombras de vida e de pensamento.

Tudo o que vemos é outra coisa.
A maré vasta, a maré ansiosa,
É o eco de outra maré que está
Onde é real o mundo que há.

Tudo o que temos é esquecimento,
A noite fria, o passar do vento,
São sombras de mãos cujos gestos são
A realidade desta ilusão.


Fernando Pessoa



"A CONSCIÊNCIA DA CONSCIÊNCIA"...


A CONSCIÊNCIA TEM FUNDAMENTALMENTE DOIS ASPECTOS:
UM É O RESULTADO DE COMPARAÇÕES,
O OUTRO É O RESULTADO DA IDENTIFICAÇÃO;
UMA É ORGÂNICA OU CEREBRAL, A OUTRA VITAL OU FUNCIONAL.


(...) Quando queremos passar do saber clássico (esta esclerose do génio) ao pensamento fecundo não nos basta a mecânica cerebral. Quando antes dizíamos, que devemos dirigirmo-nos necessariamente ao que constitui a verdadeira Magia, a Evocação, que há acordo ou desacordo na conecção das noções e das memórias, recorríamos a outro poder em nós mesmos, o que procede da nossa consciência inata, fonte do sentido da Harmonia. Este poder será, se for efectivo, a causa do Génio, do Pensamento criador, no sentido em que ultrapassa o conhecido, o classificado.

Não é esta consciência uma via nova, imposta ao decadente mundo actual, a que incita a arte a destruir o Ídolo de ontem para tentar a expressão irracional?
Busca-se a concordância de elementos de “sensações” esquecendo a sua conecção racional – desejando-se levar por inércia do hábito adquirido. Criam-se meios, imagens, formas que “evocam” um sentimento, uma emoção e provocam uma reacção vital. E a Arte é o arauto da mentalidade de uma época, o porta voz da tendência íntima.


A Inteligência do Coração, que estabelece a relação da Consciência inata com a observação do facto, é a Identificação.

Identificação significa viver com e no feito observado, sermos nós próprio o feito, experimentar e actuar, sofrer, alegrar-se com ele. Esta é a “Consciência Simpática” e não uma consciência subjectiva que a lógica pretende opor à Consciência objectiva. Sem dúvida, presta-se a confusões: a consciência cerebral se inscreve de maneira cerebral como acabamos de dizer e a Consciência inata inscreve-se na natureza dos organismos, ou seja, que o móbil da sua função é o impulso da sua necessidade, a Ideia o princípio de Harmonia. No ser humano, no animal superior, isto cria a emotividade.

Quanto maior é a sensibilidade emotiva, melhor se pode expressar a Consciência inata. Se o feito observado provoca uma “sensação”, uma reacção tipo egocêntrico, com que estamos ante a consciência subjectiva. Se o feito é observado por uma pessoa em estado de neutralidade, um estado impessoal, estamos diante da Consciência simpática. Daí todos estes problemas se resolvem numa cultura que implique um desprender-se do egoísmo e do domínio da parte mental ( do filme cerebral).

(...)

in “ESOTERISMO E SIMBOLISMO”

De: R.A. SCHWALLER DE LUBICZ




Durante este periodo verifiquei que a leitura foi assídua e fiquei feliz com isso...

Acho que depois de UM ANO e treze mil visitantes estou de parabéns!!! Não acham???



Sem comentários: