O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, fevereiro 04, 2004



A SOLIDÃO...

"Mas como fazer se não te enterneces com meus defeitos, enquanto eu amei os teus. Minha candura foi por ti pisada. Não me amaste, disso eu sei. Estive só. Só de ti. Escrevo para ninguém e está-se fazendo um improviso que não existe.
Descolei-me de mim.

(...)

Sinta-se bem. Eu na minha solidão quase vou explodir. Morrer deve ser uma explosão interna. O corpo não aguenta mais ser corpo. E se morrer tiver o gosto da comida quando se está com fome? E se morrer for um prazer, egoísta prazer?"


in ÁGUA VIVA - CLARICE LISPECTOR

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