como fome primeira...
Se “Androginia” é símbolo, (de uma perfeição ou completude humana) também o “Amor” é símbolo de um estado superior de sentir, assim como o é a idéia mítica de felicidade que todos os seres humanos buscam desesperadamente e tudo fazem para conseguir essa quota parte de “transcendêndia” – não será a felicidade uma transcendência para a realidade conflituosa e cheia de vicissitudes, contrariedade e desgraças que são normalmente as condições de vida da grande maioria das pessoas? – e que na vida real nos escapa e que se perseguiu obsessivamente no Mito Romântico e no Erotismo e por fim, nestas últimas décadas, na mera função sexual pelo culto do prazer em si como apanágio de liberdade e afirmação pessoal e não redundou o erotismo quase sagrado para uma espécie de obscenidade vulgarizado na pornografia e na prostituição da mais baixa ao mais alto nível? Ou na mais aberrante superficialidade de jogos de imagem e poder?
Que é feito desse sentimento simbólico que a humanidade projetou nos mitos, na poesia e na literatura e no fervor religioso e até no fanatismo ideológico ou político?
“Refiro-me a essa força criadora, corporificada nos termos “Deus” e “Amor” e que nada mais é do que do que a profunda energia que move as estrelas, e também o próprio ser humano sempre que ele se volta, perplexo e maravilhado, para os céus, ou é arrebatado pela beleza que contempla nos olhos de quem ama. Assim, devemos entender os elementos eróticos na Cabala, nos diversos planos em que aparecem, não apenas simbolicamente, mas sim referindo-se a uma relação real, a uma relação passional de amor entre o ser humano e o universo; entre o homem e a mulher; e entre homens; e entre mulheres; e no sentido mais íntimo e verdadeiro, entre os elementos masculinos e femininos em cada um de nós.”
(...)
“Como naqueles tempos o erotismo não havia sido separado em profano e sagrado, não é de se surpreender que a linguagem erótica expressasse a presença viva do espírito na vida humana de uma maneira que não pode ser caracterizada apenas como simbólica. A paixão era real.”
In “Androginia – Rumo a uma Nova Teoria da Sexualidade”
JUNE SINGER
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