Rita Levi Montalcin
Dra. Rita Levi, recebeu o Prêmio Nobel de Medicina há 19 anos, quando tinha 77 anos.
Rita Levi Montalcini, nasceu em Turín, Itália, em 1909, e obteve o título de Medicina na especialidade de Neurocirurgia.
Eis uma entrevista com a médica no dia 22/12/2005
- Como vai celebrar seus 100 anos?
- Ah, não sei se viverei até lá, e, além disso, não gosto de celebrações. No que eu estou interessada e gosto é no que faço a cada dia.!
- E o que você faz?
- Trabalho para dar uma bolsa de estudos às meninas africanas para que estudem e prosperem ... elas e seus países.
E continuo investigando, continuo pensando.
- Não vai se aposentar?
- Jamais! Aposentar-se é destruir cérebros! Muita gente se aposenta e se abandona...
E isso mata seu cérebro. E adoece.
- E como está seu cérebro?
- Igual quando tinha 20 anos!
Não noto diferença em ilusões nem em capacidade. Amanhã vôo para um congresso médico.
- Mas terá algum limite genético ?
- Não. Meu cérebro vai ter um século, mas não conhece a senilidade. O corpo se enruga, não posso evitar, mas não o cérebro!
- Como você faz isso?
- Possuímos grande plasticidade neural: ainda quando morrem neurônios, os que restam se reorganizam para manter as mesmas funções, mas para isso é conveniente estimulá-los!
(...)
- Como foi que uma garota italiana dos anos vinte converteu-se em neurocientista?
- Desde menina tive o empenho de estudar. Meu pai queria me casar bem, que fosse uma boa esposa, boa mãe... E eu não quis. Fui firme e confessei que queria estudar.
- Seu pai ficou magoado?
- Sim, mas eu não tive uma infância feliz: sentia-me feia, tonta e pouca coisa. Meus irmãos maiores eram muito brilhantes e eu me sentia tão inferior...
- Vejo que isso foi um estímulo.
- Meu estímulo foi também o exemplo do médico Albert Schweitzer, que estava na África para ajudar a curar a lepra. Desejava ajudar aos que sofrem, esse é meu grande sonho.
- E você o tem realizado... com a sua ciência.
- E, hoje, ajudando as meninas da África para que estudem. Lutamos contra a enfermidade, a opressão à mulher nos países islâmicos, por exemplo, além de outras coisas...
- A religião freia o desenvolvimento cognitivo?
- A religião marginaliza muitas vezes a mulher perante o homem, afastando-a do desenvolvimento cognitivo, mas algumas religiões estão tentando corrigir essa posição.
- Existem diferenças entre os cérebros do homem e da mulher?
- Só nas funções cerebrais relacionadas com as emoções, vinculadas ao sistema endócrino. Mas, quanto às funções cognitivas, não há diferença alguma.
- Por que ainda existem poucas cientistas?
- Não é assim! Muitos descobrimentos científicos atribuídos a homens, realmente foram feitos por suas irmãs, esposas e filhas.
- É verdade?
- A inteligência feminina não era admitida e era deixada na sombra. Hoje, felizmente, há mais mulheres que homens na investigação científica: as herdeiras de Hipatia!
- A sábia Alexandrina do século IV...
- Já não vamos acabar assassinadas nas ruas pelos monges cristãos misóginos, como ela. Claro, o mundo tem melhorado algo...
(...)
- Você nunca se casou ou teve filhos?
- Não. Entrei no campo do sistema nervoso e fiquei tão fascinada pela sua beleza que decidi dedicar-lhe todo meu tempo, minha vida!
- Lograremos um dia curar o Alzheimer, o Parkinson, a demência senil?
- Curar... O que vamos lograr será frear, atrasar, minimizar todas essas enfermidades.
- Qual é hoje seu grande sonho?
- Que um dia logremos utilizar ao máximo a capacidade cognitiva de nossos cérebros.
- Quando deixou de sentir-se feia?
- Ainda estou consciente de minhas limitações!
- O que tem sido o melhor da sua vida?
- Ajudar aos demais.
*
Rita Levi Montalcini, nasceu em Turín, Itália, em 1909, e obteve o título de Medicina na especialidade de Neurocirurgia.
Eis uma entrevista com a médica no dia 22/12/2005
- Como vai celebrar seus 100 anos?
- Ah, não sei se viverei até lá, e, além disso, não gosto de celebrações. No que eu estou interessada e gosto é no que faço a cada dia.!
- E o que você faz?
- Trabalho para dar uma bolsa de estudos às meninas africanas para que estudem e prosperem ... elas e seus países.
E continuo investigando, continuo pensando.
- Não vai se aposentar?
- Jamais! Aposentar-se é destruir cérebros! Muita gente se aposenta e se abandona...
E isso mata seu cérebro. E adoece.
- E como está seu cérebro?
- Igual quando tinha 20 anos!
Não noto diferença em ilusões nem em capacidade. Amanhã vôo para um congresso médico.
- Mas terá algum limite genético ?
- Não. Meu cérebro vai ter um século, mas não conhece a senilidade. O corpo se enruga, não posso evitar, mas não o cérebro!
- Como você faz isso?
- Possuímos grande plasticidade neural: ainda quando morrem neurônios, os que restam se reorganizam para manter as mesmas funções, mas para isso é conveniente estimulá-los!
(...)
- Como foi que uma garota italiana dos anos vinte converteu-se em neurocientista?
- Desde menina tive o empenho de estudar. Meu pai queria me casar bem, que fosse uma boa esposa, boa mãe... E eu não quis. Fui firme e confessei que queria estudar.
- Seu pai ficou magoado?
- Sim, mas eu não tive uma infância feliz: sentia-me feia, tonta e pouca coisa. Meus irmãos maiores eram muito brilhantes e eu me sentia tão inferior...
- Vejo que isso foi um estímulo.
- Meu estímulo foi também o exemplo do médico Albert Schweitzer, que estava na África para ajudar a curar a lepra. Desejava ajudar aos que sofrem, esse é meu grande sonho.
- E você o tem realizado... com a sua ciência.
- E, hoje, ajudando as meninas da África para que estudem. Lutamos contra a enfermidade, a opressão à mulher nos países islâmicos, por exemplo, além de outras coisas...
- A religião freia o desenvolvimento cognitivo?
- A religião marginaliza muitas vezes a mulher perante o homem, afastando-a do desenvolvimento cognitivo, mas algumas religiões estão tentando corrigir essa posição.
- Existem diferenças entre os cérebros do homem e da mulher?
- Só nas funções cerebrais relacionadas com as emoções, vinculadas ao sistema endócrino. Mas, quanto às funções cognitivas, não há diferença alguma.
- Por que ainda existem poucas cientistas?
- Não é assim! Muitos descobrimentos científicos atribuídos a homens, realmente foram feitos por suas irmãs, esposas e filhas.
- É verdade?
- A inteligência feminina não era admitida e era deixada na sombra. Hoje, felizmente, há mais mulheres que homens na investigação científica: as herdeiras de Hipatia!
- A sábia Alexandrina do século IV...
- Já não vamos acabar assassinadas nas ruas pelos monges cristãos misóginos, como ela. Claro, o mundo tem melhorado algo...
(...)
- Você nunca se casou ou teve filhos?
- Não. Entrei no campo do sistema nervoso e fiquei tão fascinada pela sua beleza que decidi dedicar-lhe todo meu tempo, minha vida!
- Lograremos um dia curar o Alzheimer, o Parkinson, a demência senil?
- Curar... O que vamos lograr será frear, atrasar, minimizar todas essas enfermidades.
- Qual é hoje seu grande sonho?
- Que um dia logremos utilizar ao máximo a capacidade cognitiva de nossos cérebros.
- Quando deixou de sentir-se feia?
- Ainda estou consciente de minhas limitações!
- O que tem sido o melhor da sua vida?
- Ajudar aos demais.
*
EXCERTO DE NTREVISTA
6 comentários:
realmente ,me parece uma mulher inteligente e firme que conduz seu destino por si mesma,é e um exemplo de velhice bem sucedida,um exemplo para todas nós!!!
Gaia Lil
realmente ,me parece uma mulher inteligente e firme que conduz seu destino por si mesma,é e um exemplo de velhice bem sucedida,um exemplo para todas nós!!!
Gaia Lil
tem toda a razão..Tomara que nós tenhamos essa força.
e afinal ao contrário do que afirma ela é uma senhora muito bonita.
um abraço
rleonor
é de facto uma senhora muito bonita. e para alem das rugas naturais tambem com um ar bem activo.
No polo oposto da idade dou hoje destaque no meu espaço a uma mulher activa e imparável num lugar do mundo improvável disso acontecer...
Mas talvez a Rosa já a conheça.
talveis....seria interessante ver duas mulheres tão inteligente juntas,seria muito interessante..
Gaia LIl
Ainda bem que os traumas trazidos pela discriminação e exclusão em sua tenra infância a fizeram mover em favor de outras pessoas, que como ela, sofrem a dificuldade de serem expostas ao ridículo. Por isso realmente é uma grande Mulher. Ela não precisaria de uma figura marital para convencê-la de suas qualidades, só que infelizmente não conseguiu ainda perceber sua beleza, também física, devido ao trauma infantil. Deus a abençoe em suas pesquisas e a livre de seus complexos. É sem dúvida um exemplo de vida, diante de tantas pessoas egoístas, que só pensam em perseguir e destruir o ser humano, embasados em seus complexos, querendo justificar seus erros. Essa mulher mostra que o ser humano deve traçar outros caminhos e não baixar a cabeça diante da derrota, mesmo que esta derrota só exista no campo visual da própria pessoa, como o fato dela se achar uma mulher feia, e ninguém a convencê-la do contrario.
Ana Karina
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