O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, julho 11, 2005

Lisboa Cidade Fantasma
e Vandalizada



Há uns dias atrás, deparei-me com uma chocante realidade ao ver as paredes de uma rua principal de Lisboa, como o é a rua do Alecrim - há meses que não passava por lá - todas vandalizadas, assim como as montras de lojas fechadas todas cobertas com “grafites”, como “montra” de uma Cidade velha a cair de podre e de noite deserta e entregue à “bicharada”, cheia de ladrões, mesmo em pleno dia, aos grupos, e nos autocarros e eléctricos, o 37 e o 28, o 15, com os turistas a serem roubados mesmo diante do nosso nariz e os ladrões a ameaçarem-nos a nós, para cúmulo, que vamos para o trabalho, de pancada, e por medo ninguém diz nada!


"OBRIGADA ELAINE..."

Os comboios e as estações da linha do Estoril (eu não conheço bem o da linha de Sintra, mas dizem-me que é quase terror) estão igualmente vandalizadas. E cada vez os imigrantes são mais agressivos...No outro dia um africano vociferava dentro do eléctrico, contra os portugueses que tinham estado em Angola, fumava e quando lhe disseram para não fumar ele disse que até "mijava" ali se quisesse e vão todos para o c... com todos os rr e assim por diante. Vão dizer que eu sou racista...mas eu sou só realista, é-me indiferente a cor do ódio e é o ódio que eu vejo todos os dias a crescer e faz medo...
Ainda ontem um velho saloio português falava alto no combóio dos pretos da Africa do Sul que matavam os comerciantes portuguses e chamou um nome feio aos pretos ao que se levantou logo um jovem negro do banco de frente em fúria e lhe quis bater com tal violência e aos berros que dificilmente se pode conter...
Polícia não havia, nem ninguém para socorrer o que poderia ter sido um rastilho de violência caso tivesse havido um branco que defendesse o velho e havia imensos africanos...eram a maioria mesmo!
Perdeu-se a noção e o control e o pior está para vir, como aliás já começou... Digam o que disseram se foram 500 em “arrastão” ou 50 jovens de cor a correr na praia de Carcavelos, tudo a brincar...



Claro que os políticos, deputados e ministros, não andam de combóio, nem de eléctrico ou de barco...Tem vários motoristas pessoais à porta dos Ministérios e carros de alta cilindragem...por isso se dão ao luxo de serem idealistas e utópicos. Falam de Monumentos e Orçamentos, de alta velocidades entre Lisboa-Madrid e do novos Aeroportos e que “Lisboa é gente”, (essa eu até gostei!), mas de repente Lisboa é lixo e gente agressiva aos berros...a desenhar grafites de raiva e palavras de ódio que nós nem compreendemos...Tudo isto se alastra e nem os combóis escapam. Quem cala consente e é um povo inteiro que cala e quer é futebol e celebridades...

Toda esta realidade subestimada e coberta de cartazes de partidos e promessas eleitorais, com euro-futebóis e malta da bola a gritar pelas ruas, viva o Benfica ou Portugal olé, constitui uma vergonha para todos nós que não olhamos nada com olhos de ver, subjugados pelos Mídia que nos proporcionam outras realidades muito mais sugestivas do que aquilo que nos rodeia...

Há sempre uma cidade virtual tal como há uma vida virtual que nos querem mostrar enquanto a vida verdadeira e a cidade inteira é destruída e só é real nos cartazes para turistas e o comércio de dia, e a Baixa, não é mais do que passagem de quem trabalha e vai e vem todos os dias, apanhar o barco para a outra banda ou o combóio para a Linha do Estoril para ir dormir...

Enquanto dormimos, a cidade fica entregue ao vandalismo e aos assaltos, sem viva alma, a morrer devagar, porque a publicidade e a ficção domina toda a gente e ninguém olha o que está mesmo à sua frente! Vai-se a correr para casa para ficar a olhar o écran da televisão, anestesiados...para esquecer o dia de amanhã, deprimidos e sem esperança...


SOMOS ZUMBIS...

Dizia um dia destes, na sua crónica habitual, como por ironia, um ilustre intelectual, que Lisboa estava cheia de belas imagens...e falava de uma magnífica exposição de fotos numa Galeria de Arte não sei onde...
Onde se prova que cada um vê só o que quer ver e para o que está mesmo diante dos olhos é cego...

R.L.P.


Estamos Perdidos

Estamos perdidos há muito tempo...
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado
como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte, o país está perdido!



Palavras de algum opositor do atual governo? Não!
Eça de Queirós escreveu isto em 1871

Sem comentários: