Talvez ainda nesta vida, penso, nos anos que me restam, possa viver em paz comigo mesma e com outros seres humanos em dádiva e abertura de coração na partilha de bens e dons. Isso é o meu sonho...
Em vez de viver cada um por si a trabalhar e a lutar diariamente por um mundo de consumo e guerra, de violência e ódio permanentes, de diferenças sociais e raciais, por interesses mesquinhos e bens materiais acumulados, sempre na mira do lucro e da superioridade social, em que tudo se vende e compra e nós vendemos todos a alma ao diabo, atiçados pelos Mídia, eu quero e sonho ainda salvaguardar alguns anos que me restam na Terra e desfrutar da natureza Mãe e da sua dádiva...em vez de a ajudar a destruir e poluir tanto como ao meu corpo, matando animais e comendo cadáveres, vivendo em cidades de betão armado e alcatrão, onde a poluição infernal a um ritmo acelerado mata paulatinamente quem nela vive, sem apelo nem agravo.
Queria, e sonho ainda, em vez de viver asfixiada a cumprir um horário e uma rotina e fazer algo que me deprime e de que não gosto, só para ganhar dinheiro para sobreviver, poder dar de mim o melhor, ser criativa e sentir a vida na sua plenitude o que só a liberdade interior e exterior nos permite.
Pergunto-me contudo se há seres humanos capazes de abdicar das suas falsas seguranças, das suas casas privadas, do seu conforto burguês e do seu dinheiro no banco, dos seus cartões de crédito e dos carros...para viver uma vida simples e natural entre as árvores, despojados de bens supérfluos e da posse dos que “ama”, dos sentimento de pertença que nos separam, e são um país, a família e o sangue e formar comunidades universais, formadas no Amor da Terra e da Deusa em que se possa viver em Paz connosco mesmos e com os anjos, sem diferenças de cor, nem de sexo, nem de religião...
Pode parecer estranho o meu sonho...ou uma já gasta Utopia, mas esta vida como a vivemos todos, no seio das Cidades e da insanidade e loucura geral que é mundo, em que apenas servimos para “produzir, consumir e morrer”, cheios de doenças e ódios, cansados de “trabalhar e descontar” para uma “previdência” que nada nos dará e a reivindicar pensões mais altas ou regalias no trabalho e que na “reforma” já não temos nem saúde nem vontade de viver, como velhos arrumados a um canto, abandonados pela família, se não morrermos antes de um enfarte miocárdio ou de cancro!...
Quando será que veremos que somos todos escravos modernos, presos ao consumo e aos créditos, aos “nossos bens” ao dinheiro no Banco, que não são mais do que as nossas correntes invisíveis? As mesmas que tínhamos quando éramos escravos da galera...mas disfarçadas!
Sim, sonho com o Um Paganismo Verdadeiro
R.L.P.
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