O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, novembro 16, 2005


Senhora

Tenho a tua imagem gravada no mais fundo do meu coração:
olhos internos, fibras e nervos te vêem.

Corre no meu sangue como um rio
e eu deixo-me levar na corrente do teu ser.

Bebo a tua seiva e ergo-me inteira
como a coluna do templo em que és rainha
e minha no mais sagrado altar em que te posso abrigar.

Guardam-me a alma os teus olhos
que me seguem a cada silêncio e em cada gesto.

Queria abraçar-te o ventre e adormecer suavemente a teus pés

Como o pedinte à porta de uma igreja ou o nómada do deserto,
a minha sede de ti é eterna, ó mãe do céu e da terra em que nasci!


n "Mulher Incesto"

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