O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, julho 28, 2007

De Cleópatra a "Madame Bovary c' est moi"


De cada vez que tento começar a ler um romance dos muitos escritos sobre Cleópatra, esbarro sempre com a versão romanesca dos nosso século sem dimensão dos tempos em que foram consagradas as mulheres no Egipto e mais ainda uma Rainha, Filha da Deusa Ísis...

A vulgaridade brutal atribuida aos amores e desvarios de Cleópatra prendem-se apenas com o imaginário de escritores deste último século corrupto e vazio de grandiosidade da alma e desconhecimento da verdadeira dimensão da MULHER e da DEUSA...

Acabei de largar das mãos um livro de um escritor espanhol que sem dúvida a colocava muito abaixo da rameira ou da prostituta, numa personagem de comportamento histérico e por isso absurdo para uma mulher da sua envergadura e que só no imaginário de um homem e certamente homossexual, poderia projectar-se nesse ideal de rainha prostituta axacerbando a sua sexualidade promíscua com hercúleos escravos para esquecer António, dando um retrato das suas emoções e conquistas ao nível mais animalesco e que nada se coaduna com uma mulher que forçosamente teria de ser culta e sensível e mais do que isso iniciada nos Mistérios de Ísis e sem dúvida superior ao comum dos mortais...porque Sábia...
Enquanto isso enaltecia a castidade e beleza de um jovem efebo sacerdote de Ísis...

Da mesma forma que Flaubert afirmou "Madame Bovary c' est moi", muitos escritores fazem retratos obscenos e absurdos das mulheres com quem se identificam muitas vezes por desejo inconfesso de imitação...a mulher que criam entre o desejo recalcado e a inveja ou mesmo o ódio, prova que eles não conheciam A MULHER nem a amariam assim tanto...No caso deste livro que larguei com repulsa e revolta, não havia dúvida que o desejo da mulher se transformara apenas em inveja e despeito que é o que acontece normalmente com os escritores que descrevem nos seus livros as mulheres que inventam ou "recriam" e não a mulher verdadeira, A MULHER ETERNA.
E assim a literatura está cheia de mulheres que nada ou muito pouco tiveram a ver com a Verdadeira Mulher já esquecida da humanidade e que foi substituida por uma amálgama estranha e ardilosa de silicone e atavios rebuscados do imaginário de hoje do criativo gay...Toda a moda e publicidade de um modo geral é feita por gays...

Curiosamente os homossexuais e não só ao invejarem a Mulher descrevem-na sempre como uma grande devassa ou prostituta enquanto que os heterossexuais tem a tendência de acentuar a dicotomia entre a santa e a puta, benefeciando quase sempre a primeira. A mãezinha deles...

8 comentários:

Marian - Lisboa - Portugal disse...

palavras com muitos acertos,Rosa!
Abraço

Anónimo disse...

Ainda bem que é só no imaginário de alguns que Cleópatra é apresentada assim. Assisti um documentário no Discovery onde se mostrava que ela foi, isso sim, uma grande estadista e estrategista e que todas as suas ações foram na intenção de salvar o seu país do domínio romano. Um abraço, Igaci

Anónimo disse...

Bem, eu penso que quando Cleópatra chegou ao poder a civilização egípcia já estava em decadência. Cleópatra deve ter sentido isso e tentou fazer o melhor que podia pelo seu povo. Face a um Império que emergia no horizonte e que era impiedoso a quem lhe fizesse frente, ainda por cima cobiçando os recursos naturais do Egipto, Cleópatra tentou que os danos naquele país fossem o menor possível, dai a união com César. Não a vejo como uma oportunista, mas como uma estratega, e acho que foi assim que alguns dos seus contemporâneos a viram. Hoje em dia, é natural que queiram denegrir a imagem de Cleópatra, porque no fundo, no fundo, ela acabou por se rebelar contra o Império, não se sujeitando à humilhação final depois de reconhecida a derrota dos exércitos de Marco António, daí a sua fama ter chegado até aos dias de hoje, em que um novo Império (Ordem Mundial) está a ser construído e há que abafar as vozes discordantes, principalmente se forem femininas ...

Anónimo disse...

Rosa!
Li o romance de Margaret George, uma trilogia biográfica sobre a Rainha do Nilo e, recomendo esta obra, pelo valor e real perfil que demonstra de Cleópatra.
Principalmente, pelo contexto histórico que contextualiza seu reinado... ela foi aquela que séculos depois da Deusa ter sido suprimida pela cultura dos Ptolomeu buscou o culto antigo, e vestiu-se de Ísis para dar um último momento de glória à Deusa e à Mulher no Egito!!

Beijos e rosas,

Zazyel

Anónimo disse...

Zaziel:

É sempre bom tê-lo por cá...eu sei que você é um apreciador justo da Mulher...e que sabe de coração a grandeza da Deusa!
Nós nos conhecemos de lá...

Um grande beijinho!

rosa leonor

Anónimo disse...

Diana:

Achei muito interessante a sua prespectiva. Obrigada pelo seu depoimento...

Um abraço

rosa leonor

Anónimo disse...

Igaci:

Felizmente penso que a justiça às grandes mulheres da nossa historia será reposta aos poucos por mulheres como nós e por homens sérios e femininos sem medo da mulher!

Um abraço
rosa

Anónimo disse...

Pois é Marian...
Precisamos dizer as nossas verdades sem medo...e falar de mulheres sem medo como você faz...

Um abraço

rosa