O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

MEMÓRIAS



Uma voz me disse à noite, em segredo:-

Não existe tal voz que sussurra em segredo na noite!

Haidar Ansari


Estava a pensar como apagar-te da memória quando um gesto teu súbito no sonho te acordou em mim. Não estavas, nem nunca estiveste tão perto desse gesto brusco com que o teu corpo astral me sacudiu.

Apagar-te do ecran, queria, por assim dizer, ou apagar as palavras com que nunca disseste o essencial de ti, da tua alma velada pela louca personagem que encarnas e arrastas atrás do sonho de vida em vida, e escondes por detras desse manto caindo a teus pés ... que se arrasta pelo chão - uma vezes manto de rainha outras de escrava, envolta em farrapos...
Há séculos que te vejo correndo com o vento em densas florestas ou palácios em vestes negras envolta, sempre perdida de ti...

És a Sombra de um reino de mortos...uma voz que me sussurra segredos na noite... ou a Senhora das Encruzilhadas? Aquela que me espera no dia de amanhã...

És tu a Deusa esquecida nos escombros das guerras bárbaras, nas ruinas deste mundo violento "por cuausas de nada", que nos reduziram a nós mulheres a nadas. Rostos sem voz, caras cobertas, esfarrapadsa ou envoltas em finos véus de seda, umas disfarçadas de senhoras, outras disfarçadas de bruxas, condenadas a vagar como fantasmas, sem eco nem paz, máscaras de cera... que escondem sempre uma metade...

Não, não sei quem és Mulher. Nunca te te vi o rosto. Nunca te encontrei aqui. Aqui onde sou e habito o espaço inventado de uma tempo que não existe.
A névoa do mundo ímpio cobre a realidade interior, ínfima, a única que nos resgata, o fio que tecias quando eras jovem Ariana...e acreditavas que Teseu te ia levar...

Queria apagar-te da memória para sempre, mas mais uma vez fiz-te renascer da Sombra da mulher de ontem que podia ter sido eu e não sou.

Este labirinto onde me perco de cada vez que a tua voz se distância ... de cada vez que julgo encontrar-te e vejo que mais não fiz do que repetir o meu logro...

rosaleonorpedro

Sem comentários: