O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

AS DUAS MULHERES...


EM PLENA PRAÇA TAHRIR....
Uma mulher é sexual e brutalmente agredida e outras, como é o caso da jornalista portuguesa, que consegue escapar...

Esta mulher, como muitas outras, é só mais uma jornalista destacada para os palcos de guerra e das “revoluções”, em todo o mundo, mas o que ela, destacada jornalista da CBS, com tantas outras que lá andavam, não esperava, era que em dia de Festa e de vitória democrática, os homens a atacassem sexualmente e tão brutalmente…
Eu pergunto, o que aconteceria se esse fosse um dia de derrota e de perca para os egípcios…
É verdade que eles não ganharam nada e o que espelharam – eu sei que não houve um banho de sangue…que aparentemente foi uma manifestação pacífica de milhões de pessoas digo de homens e algumas mulheres – mas não deixou de ser de fanatismo e violência, uns sobre os outros e manifestamente sobre A MULHER, aí sim manifestaram o seu ódio ao Ocidente e à sua liberdade…e nada vai mudar nesse universo machista e predador que são os homens no Médio Oriente (e não só claro) onde as mulheres pouco ou nada terão a ganhar com as suas conquistas ou mudanças sociais. Houve jornalistas homens agredidos também, mas não foram agredidos sexualmente nem violentados…

Será que a Mulher está condenada por natureza e anatomia a ser violada como princípio de guerra em todo o mundo? Ou será que esse facto nunca foi questionado pelos “grandes homens” da história e que NUNCA nada fizeram para o mudar ao longo dos seus impérios? Será esta uma das leis da Vida? Parece que para os homens é assim…tacitamente, há séculos!
Mas o mais espantoso para mim é que até as mulheres mais inteligentes pensarão que é um caso isolado, um incidente…e que os egípcios até são pacatos…e os que fizeram isto, foram os maus…Cuidado…eles estão por todo o lado à espreita…e o seu ódio cairá sempre em primeiro lugar sobre as mulheres…as mais expostas…
Tanta ingenuidade cansa-me: ver jornalistas, espiritualistas e progressistas e demagogos contentes com a vitória do povo egípcio e dar por garantido a evolução de um povo oprimido…e que perante esta brutalidade contra a mulher vão achar que isso não tem a menor importância face uma coisa tão grandiosa…claro, para eles também, inconscientemente a mulher merece estes castigos embora nunca o digam…

Mesmo tendo a prova cabal de que os Governos e as políticas do mundo em séculos pouco ou nada fizeram pelas mulheres, que eles não querem saber das mulheres, excepto para o que a gente sabe, e que aceitam tacitamente a sua exploração por Máfias no mundo ocidental, que vendem e exploram sexualmente meninas para a Europa… as próprias mulheres não querem pensar nisso e acham que isto é natural…e acham-se livres…até que sejam violadas elas próprias …como aconteceu com esta jornalista.
Porque há umas que não pensam nisso e há outras que escolhem isso…As novas escravas sexuais ao serviço dos NOVOS senhores…


Mas o que mais me espanta ainda é ver que o Mundo não quer OLHAR as mulheres, não quer encarar o drama das mulheres, o da sua divisão? E o mais irónico é que nem as mulheres se queixam…ou se revoltam…Temos agora algumas manifestações de mulheres em Itália face ao exemplo burlesco do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, que faz as suas orgias com modelos (imigrantes) menores com toda e “naturalidade” e aceitação dos seus parceiros do mundo inteiro que lhe acham muita graça….e dá escândalos atrás de escândalos assumindo-se macho e afirmando que é melhor ser macho do que ser gay…e continua Primeiro-Ministro…

Eu não me queria alongar muito, mas realmente perguntar às mulheres se acham natural este funcionamento do Sistema patriarcal e se também acham que esta jornalista merecia isto…
Não é isto o que afinal as mulheres também pensam das outras mulheres, das que sofrem violações e são exploradas, das que se prostituem e que se expõem a violência masculina todos os dias, vendendo o sexo, ou mesmo em casa com os maridos, que tudo isto é escolha delas? Que elas são as culpadas, porque educam assim os filhos e são provocantes e ousadas e se metem onde não são chamadas, tal como dizem os homens, a opinião pública é deste tipo sim, vejam os comentários dos homens nas notícias sobre violações ou violência doméstica…

Sim, para mim no meio disto tudo o mais aberrante é serem as mulheres livres e emancipadas ou espiritualizadas que continuam a defender os homens coitados? A elas, dizem …eles até as tratam bem…

rosaleonorpedro

“Há um contentamento indigente no discurso de algumas mulheres que passa pela frase «ele trata-me bem». Enxergarão elas a subalternidade que infere? Desculpem, é uma expressão escrava. Ou veterinária, vá. PARA TRÁS, RANHOSAS!”

Rita Ferro

1 comentário:

Maggie Gonçalves disse...

" ...claro, para eles também, inconscientemente a mulher merece estes castigos embora nunca o digam… "

Isto é muito consciente. Efectivamente é muito bom haver pessoas com a sua consciência Rosa, que trazem à luz registos tão enraizados e dissimulados que passam tão despercebidos a maioria de nós, (leia-se 98%). Gostei, como sempre.