O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, março 30, 2011

AS DEUSAS VOTADAS AO DESCRÉDITO


AS DEUSAS VOTADAS AO DESCRÉDITO E OSTRACIZADAS…

PELOS DEUSES DO OLIMPO…


NA Oristeia as Erínias são representadas normalmente como mulheres aladas de aspecto terrível, com olhos que escorrem sangue no lugar de lágrimas e madeixas trançadas de serpentes, estando muitas vezes acompanhadas por muitos destes animais. Aparecem sempre empunhando chicotes e tochas acesas, correndo atrás dos infractores dos preceitos morais.

As Erínias são divindades ctónicas presentes desde as origens do mundo, e apesar de terem poder sobre os deuses, não estando submetidas à autoridade de Zeus, vivem às margens do Olimpo, graças à rejeição natural que os deuses sentem por elas (e é com pesar que as toleram, pois devem fazê-lo). Por outro lado, os homens têm delas medo, mesmo pânico, e fogem delas. Elas eram forças primitivas da natureza que actuavam como vingadoras do crime, reclamando com insistência o sangue maternal derramado, só se satisfazendo com a morte violenta do homicida…

O veredicto de Atenas é condenar ao descrédito a Mãe e a Rainha e aceitar a sua morte pelo seu próprio filho a vingar a morta do pai e por ela – a nova deusa em vigor em Atenas – ter nascido da cabeça do pai depois que ele engoliu a sua mãe Métis, grávida de si... Esta imagem representa com efeito o que sucedeu na terra com os poderes da Deusa Mãe e com a Mulher…a mulher passou a ser “igual” ao homem e viver de acordo com as suas leis e Atena ao absolver Orestes que matara a mãe, alegando em sua defesa, não haver crime uma vez que não havia mãe, ou maternidade, mas sim Pai e o poder paternal anunciava um outro mundo. E é na base dessas leis e nesse Mundo que ainda todos os Sistemas patriarcais vivem.

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O MITO de PANDORA


"No mito de Prometeu e de Pandora, a mulher aparece como um "presente" dado aos homens. Semelhante às deusas ela foi moldada em suas feições recebendo ainda todos os dons divinos. E foi Hermes quem lhe pôs no coração a perfídia e os discursos enganosos, além da curiosidade. Desde então, a mulher é considerada a origem de todos os tormentos do homem. Tanto na tradição Grega quanto na Judaico-Cristã há uma tentativa de transgressão dos limites humanos e é a entidade feminina quem impulsiona o homem para tal ação. Na narrativa dos Hebreus a tomada de consciência era oferecida ao homem por Eva. No mito Grego, houve primeiro uma simulação frustada pela brincadeira de Prometeu ao tentar testar o poder e a clarividência dos Deuses. Depois o próprio Prometeu traz o fogo como presente mas os homens embevecido com a nova condição, se julgam iguais aos deuses e provocam uma situação de serem punidos novamente. Aí chega Pandora que ao abrir a caixa derrama sobre a terra todas as desgraças. E a conseqüência é a perda do paraíso. Mas também se não fossemos expulsos, não cresceríamos. Ainda hoje, a visão que se tem da mulher costuma ser permeada da influência desses dois mitos. Há quem a veja como uma bênção de Deus e daria tudo para ter a sua companhia. Há, por outro lado, quem pense diferente. Mas agora lembrem-se que estamos falando de uma realidade interna expressa nos mitos. Esta linguagem simbólica usada projetivamente se resume na busca do homem pelos segredos de seu próprio inconsciente; no encontro com a sombra e no restabelecimento do contato com o feminino. E neste clima de tensões , paradoxos e incertezas confrontamos a nós mesmos na busca pelo equilíbrio. Na procura de significado onde esta anima , tão bela e cheia de perfídia, nos faz crescer. "

Sérgio Pereira Alves

2 comentários:

Silvia Duarte disse...

Oi Rosa,
Parabéns pelo seu texto. Ainda muitas mulheres neste mundo precisam ser despertas! O feminino em si tem uma força capaz de salvar o planeta.
bjs

rosaleonor disse...

O Silvia...

acho que deixei passar o seu comentário em branco.
Obrigada pelas suas palavras. è verdade é bom estarmos aliadas das verdadeiras forças do feminino...
um abraço

rosaleonor