O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, abril 18, 2011

A CERTEZA DE QUE UMA MULHER SERÁ SEMPRE MULHER




A Lua da Loba trouxe-me a certeza de que uma mulher será sempre mulher, independentemente do que se diga, se está ficando velha, se está tomada pelas rugas, ou se a menopausa chega e o sangue desaparece, ela sempre será filha de Afrodite. Por mais que tenha lutado contra isso, a deusa estará oculta em alguma prega de seu corpo, pulsando os suspiros dos sonhos de Lilith.
Hoje, ao experimentar os primeiros sintomas da menopausa, orgulhosa, acaricio o meu corpo, envaidecida dos sinais que o tempo nele gravou. Não sinto medo da velhice, pois sei que esta foi invenção dos homens, que sempre temeram a impotência que a presença de todas as deusas pode acarretar, que não conseguem alimentar os desejos subtis de uma Afrodite madura e além disso sabem muito bem que Athena foi a única a derrotar Aires numa briga. Às vezes me vejo envaidecida como uma loba perante a Lua, consciente de que carrego em minha vagina o fluir infinito de um sangue que, de tão pleno, não precisa de se revelar, um sangue metafísico, um rio de ausência que gera múltiplas realidade. Assim como a prenhez de uma loba: mãe Glotinha…

Quando a Lua Loba se aproxima, meus pelos se eriçam e os ventos gelados se preparam para levar a fluidez do visco do meu gozo para a morada das divindades, onde se sentem honrados pela lembrança dos antigos ritos…
(…)

In O FEITIÇO DA LUA
Márcia Frazão

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