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HINO A DEMÉTER
Lembro-me, Mãe, dos confins da minha memória recordo
A tua beleza e grandeza!
Lembro-me do ser dócil e humilde que eu era
E das serpentes brandas que passeavam a teus pés.
Lembro-me do teu sorriso,
Da tua voz que se repercutia como sinfonia em todo o meu ser,
E a minha alma dançava e vibrava no teu amor extasiada.
Nesse tempo o céu resplandecia e na terra era eterna a primavera.
Lembro-me das tuas filhas ornadas de grinaldas vestidas de branco em volta de ti,
E quando um gesto teu iluminava o arco-iris sobre as nossas cabeças irmanadas.
Lembro-me desse tempo, Mãe, e sagrado era o tempo
Em que os frutos eram sedosos e doces afagados pelas tuas mãos.
Lembro-me do teu ser repleto de luz,
Da tua ternura escoando dos teus lábios de mel
E de ti, abelha mestra, rainha de uma colmeia.
Lembro-me, Senhora
E nada me liberta desta visão-encantamento que é neste o meu refúgio.
Ah! Que dom deveria eu ter para te evocar neste mundo maldito,
Onde fomos perseguidas, queimadas vivas nas fogueiras da Inquisição
E exploradas como instrumentos de prazer e ódio?!
In Mulher incesto – Sonata e Preludio
rlp
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