O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, abril 04, 2011

HINO A DEMÉTER

…na noite, em vigília, cantam as raparigas, cantam a tua amada, de violetas cingida. Safo - fragmentos

HINO A DEMÉTER

Lembro-me, Mãe, dos confins da minha memória recordo
A tua beleza e grandeza!
Lembro-me do ser dócil e humilde que eu era
E das serpentes brandas que passeavam a teus pés.

Lembro-me do teu sorriso,
Da tua voz que se repercutia como sinfonia em todo o meu ser,
E a minha alma dançava e vibrava no teu amor extasiada.

Nesse tempo o céu resplandecia e na terra era eterna a primavera.

Lembro-me das tuas filhas ornadas de grinaldas vestidas de branco em volta de ti,
E quando um gesto teu iluminava o arco-iris sobre as nossas cabeças irmanadas.

Lembro-me desse tempo, Mãe, e sagrado era o tempo
Em que os frutos eram sedosos e doces afagados pelas tuas mãos.

Lembro-me do teu ser repleto de luz,
Da tua ternura escoando dos teus lábios de mel
E de ti, abelha mestra, rainha de uma colmeia.

Lembro-me, Senhora
E nada me liberta desta visão-encantamento que é neste o meu refúgio.

Ah! Que dom deveria eu ter para te evocar neste mundo maldito,
Onde fomos perseguidas, queimadas vivas nas fogueiras da Inquisição
E exploradas como instrumentos de prazer e ódio?!

In Mulher incesto – Sonata e Preludio
rlp

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