DA BANALIZAÇÃO DA DEUSA
Estou farta da Deusa! Desculpem-me pelo desabafo, Mulheres & Deusas, mas o meu compromisso com a minha escrita é o de um esforço de verdade e tenho de a expressar em conivência com a minha alma, como puder e o melhor que eu saiba.
Estou farta de ouvir as mulheres se assumirem como deusas, embarcarem em folclóricas invocações, representarem a Mãe Primordial com longos cabelos, olhos azuis e vestes diáfanas, estou cansada de ver atribuir-lhe a responsabilidade de qualquer trivia com um arrogante “Foi a Deusa em mim, no meu coração!”
A este nível aconteceu à Deusa o que há muito se passou com a palavra Amor: de tão utilizada, a propósito de tudo e de nada, caiu na vala da banalização.
Creio que seria de alguma utilidade tentar definir a palavra “Deusa”, de modo a que possamos acercar-nos mais à sua verdadeira energia. Há um par de anos, uma amiga próxima contou-me que, num raro encontro com seres das Pleiades, havia sido informada de que ela, noutros universos, era/havia sido deusa. Contou-me a minha amiga que ficou perplexa e confundida com esta informação até que os Pleiadianos lhe explicaram que o ser deusa, nesses níveis vibratorios, se refere simplesmente a um nível de Consciência mais elevado, sem qualquer conotação com as mitologias e crenças da Terra e, sobretudo, sem conceito de hierarquia.
Tocou-me profundamente esta informação pois, no meu coração, eu sempre soube que devia andar por aí.
A deusa não é alguém exterior a nós, não está sentada num trono, não viaja pelos espaços siderais, não abençoa umas e condena outras. Sentir a Deusa em nós deverá corresponder a um estado vibratório cujo poder advenha de uma consciência mais expandida pelos infinitos mundos da Compaixão, Sabedoria, Intuição, Paz Interior e Auto-determinação. Estados que , infelizmente, ainda não são permanentes na maioria de todas nós. Mais a mais, muitas mulheres nem sequer iniciaram o inadiável trabalho com a sua consciência psicológica, base indispensável para a evolução pessoal.
Deusa é uma palavra de ouro! Há que preservá-la como tal e dar-lhe utilização com a cautela necessária para que não dê origem a mais simulacros dos que já empestam os ares da nossa manifestação na Terra.
Embora eu, enquanto ser encarnado no planeta, seja profundamente ritualística, aprecie sobremaneira a mitologia e o simbolismo, repugna-me contudo a confusão e falta de discernimento em que se cai. Vejo “deusas” que se degladiam e se traem umas às outras, “deusas” cuja mobilidade de afectos e de propósitos é no mínimo surpreendente, “deusas” que julgam com dureza a imperfeição alheia inconscientes da própria, “deusas” que esquecem rapidamente os seus votos de irmandade com as outras “deusas”, logo que um deus qualquer aparece no horizonte.
Vejo tantas coisas e tão tristes que, com frequência, me prefiro voltar para quem ainda não entrou conscientemente nestes domínios e concentrar-me nos actos despretensiosos do dia a dia. Como podar as roseiras, antecipando agradecida a beleza com que me hão-de presentear na Primavera ou embalar a minha Mãe velhinha nos meus braços feitos Amor e Desvelos.
Publicada por mariana inverno
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