O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, janeiro 11, 2012



PORTUGUÊS DE PORTUGAL, DO MUNDO

Ah, a língua! A língua, o poderoso fluxo que dá voz à minha alma, matéria-prima dos poetas, voz do amor e da saudade derramada no papel, espírito vivo de séculos de marcha e experiências de um povo banhado pelo mar salgado…

Querem-te à força uniformizar, dar-te contornos incoerentes, desligados, cortar-te as asas poéticas – por obsoletas, dizem – querem que eu seja “espetadora” do mais degradante espectáculo (passe o pleonasmo, que o não chega a ser pois falta o “c” no sujeito), querem-te igual aos que te escrevem sem te saberem originalmente, só porque são muitos, muitos mais que nós e se expressam lá tão longe do teu solo pátrio…

Querem-te simplificada, sem adornos de acentos, igual em todo o lado, ininteligível para quem te estudou e absorveu com o amor ao sangue próprio, querem-te feia e minimalista, os meses a perderem a sua maiúscula e eu sem saber se ato ou desato?!

Mas quem, quem avalizou este crime? Quem assinou aquilo que coage artificialmente a voz escrita de um povo a tornar-se de um momento para o outro aquilo que não é e que não quer ser, quem são os que me ignoram e a ti e ao outro, indiferentes aos nossos gritos de angústia e protesto? Quem lhes deu poder, encomendou o sermão, por que é que eles avançam apesar dos movimentos contrários, petições, luto na alma?

Não passarão, prometo-te, Língua-mãe, Pátria de Pessoa, Camões, Natália, Pátria minha, Shambala da nossa transcendência, colo dos meus sonhos, Voz inigualável de uma missão por cumprir!
Bela e ancestral, mulher e ventre, fértil seiva que as almas trabalham há tantos séculos, prometo-te respeito e obediência ao teu fluir natural que é feito de tantas coisas subestimadas pelos interesses políticos e comerciais…

Mar e terra, voz do vento, pássaros do dia e da noite, dor e poesia, o indizível que baila nos olhos do navegador e do camponês, cheiros, fome, sede e luar aceso sobre os montes do sul em noites de lua cheia, cantos desgarrados, vozes antigas, deslembradas, a memória e o sonho de quem quer ser…

Ninguém me arrancará de ti, escutarei atenta o bater do teu coração sobressaltado e nele hei-de verter sempre, com amor e devoção, as produções da minha alma.

mariana inverno

http://notasasombradostempos.blogspot.com/

2 comentários:

Anna Geralda Vervloet Paim disse...

Rosa, tentei copiar no facebook colocando o link do blog e realme nte não foi permitido. Tentei de novo colocando apenas o nome da autora do texto,e minha pergunta: "quem" realmente comanda o facebook através das sombras?

rosaleonor disse...

Pois afinal como já lhe disse foi alguém que acionou a opção "livre" de Spam...e o facebook de facto não faz mais do que mecanicamente accionar o sistema...mas será que é só isso???
abraço grande e prazer em tê-la de volta!!!

rosa leonor