O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Da importância de destinguir as coisas....



O FEMININO SAGRADO PARA LÁ DOS SEXOS...
E DA SUA COMPLEMENTARIDADE...

Acordei a pensar que eu sou aparentemente muito radical, sobretudo quando escrevo e que quando as pessoas me conhecem pessoalmente ficam espantadas de eu estar sempre a sorrir para elas...É verdade que sorrio e que escuto e sinto e tenho essa inteira disponibilidade para as pessoas ao vivo. Passa-se que ao escrever não há interlocutor e o pensamento corre no sentido lógico e muitas vezes corta a direito.

Mas o que eu queria escrever hoje não era sobre mim...e era.

Queria dizer-vos uma coisa que eu acho que é muito importante destinguir. 

As mulheres costumam a todo o transe defender qualquer questão relacionada com o feminino em função do homem...ou do par. Elas mantêm sempre esse foco mesmo em nome de uma suposta nova abordagem do feminnino ou do feminino sagrado...Nõa só defendem o homem como  qualquer texto mais simpático de um homem "feminista" como alguns se intitulam,  elas ficam muito felizes e nem percebem como existe de facto é um novo  machismo...ou um neo-machismo (A.C.)(Voltaremos a esta questão em breve).
Este texto surge então  a propósito das mulheres estarem sempre a defender os homens, mais do que a si mesmas...e daí vem toda aquela questão do feminino e masculino e que é preciso integrar os dois e que cada sexo tem os dois lados e que a complementaridade é que é correcta e por isso não se conseguem dissociar do homem...

Muito bem, esse raciocínio e essa ideia está certíssima, sempre esteve e não é nada nova...as abordagem espirituais em geral todas elas a fazem e defendem. A Alquimia a mais explicita, de um certo modo, pelas gravuras do rei e da rainha - mas qual mulher qual quê? Até a religião católica que nada ou pouco tem a ver com o cristianismo original, o da Gnose e da Sophia...também o diz. Mas os orientais fazem isso melhor, nomeadamente os indianos, com a Shakti como os judeus com a Shekina...

Nós todas conhecemos isso, as mais velhas e as mais novas...Nós não inventamos o yin nem yang, nem fomos nós que descobrimos as polaridades nem fomos nós que agora vamos fazer alguma coisa mudar...a não ser que...

Vamos lá ver então qual é o problema...se isso é tão velho como o tempo e a par disso até temos a "mais velha profissão do mundo" a começar pela Bíblia e em tempos mais recuados também as chamadas erroneamente "prostitutas sagradas" (porque se eram sagradas e o sexo também e serviam a Deusa do Amor, não havia prostituição, mas consagração a Deusa...), como é que as Mulheres são hoje tratadas e sempre foram e porque persiste essa cisão na mulher, essa separação das "duas" mulheres e as mulheres estão em estado inferioridade, subalternidade, de exploração e até escravidão ainda no mundo?

Ninguém quer pensar comigo?

Como é que isto se mantém se toda a gente sabe das polaridades e da igualdade dos sexos e da integração dos opostos etc.

Porque é que não há essa integração?

Porque continuam as mulheres umas contra as outras e porque continuam a aceitar que a outra mulher tenha de se prostituir enquanto ela defende o seu par o seu homem ou o seu filho...sendo que qualquer um deles mais a frente até vai a essa " prostituta " (e até pode ser a melhor amiga...) e que a digna esposa ou filha trata abaixo de cão...e a acusa de todos os males, mas nunca o sistema, não a miséria, não a falta de valor da mulher em si nestas sociedade e se vira simplesmente e odeia a outra mulher? Digam-me como? Como é que se convive com isto? Intelectuais, escritoras, médicas psicólogas, estudiosas, feministas e até espiritualistas?

E agora nós, em Nome do feminino sagrado continuamos na mesma?

Em nome da Deusa fazemos a mesma coisa?

Defendemos o homem e o filho e o nosso caso ou o nosso amado?

Que filme é este? Sim, é um DEJÁ VU...

Ou pensavam que eu não sabia a história dos pólos complementares, que não vivi as minhas histórias e não defendi o meu par e não acusei a rival? Como é que pensam que eu não sabia eu do yin e do yang etc? Por amor da deusa poupem-me...

Então as meninas e as senhoras NÃO QUEREM VER A CISÃO, querem em vez disso e  como os nossos defensores homens BRANQUEAR toda a questão da cisão da mulher? Não querem vê-la em cada uma de vocês e em cada mulher, não querem considerar até que ponto essa cisão nos divide e nos mata (de doenças) e separa todas e nos faz tanto mal? Não querem ver QUE ANTES DE DOS COMPLEMENTOS FEMININO E MASCULINO O YIN E O YANG A MULHER TEM DE INTEGRAR A SUA SOMBRA, A SUA OUTRA ELA, a sua outra metade, a mulher que foi ocultada e denegrida pelas religiões...e VOLTAR a ser una e íntegra, ser um indivíduo e não um apêndice e uma função procriadora ou de gozo? Que diferença faz a mulher dar gozo ao homem e não ter gozo e agora por a ênfase no seu prazer e achar que chegou a algum lado e continuar a ser apenas objecto de prazer e corpo para vender ou alugar... (barriga de aluguer).

Queremos ser coniventes com isto tudo?

Ou queremos ver que esta questão que abordamos é uma base de crescimento e sem a qual tudo continua na mesma e que por isso existe tanto empenho, tanto cuidado em não nos dispersarmos, em não nos afastarmos do tema, em não nos deixarmos iludir pelo novo neo-machismo que é virtuoso e até defende as mulher e que são os próprios homens, muito femininos, e com anima que nos vem dizer..."afinal vocês têm sido umas mazinhas...e devem nos pedir perdão...nós até somos bacanos, nós perdoamos...e estamos a vosso lado?"

De que lado afinal e do lado de qual Mulher?


Sim, de que Feminino Sagrado estamos nós a falar?


Do casal sagrado?


Da mulher que se subestimava e era frígida e agora se orgulha de fazer tantra e ter orgasmos?

Por favor...Vamos lá por as coisas no lugar. É verdade que eu já não tenho nenhum interesse no orgasmo nem no tantra (nesse tipo e "tantra") e estou numa de viver a toda a minha chama no coração, sim estou numa de CORAÇÃO ARDENTE e não me interessa já o par...e que isso não é obstáculo ao Saber nem a ao AMOR. E que não estou contra a natureza das coisas, nem da vida, nem tenho nada com as vossas vivências particulares, mas apenas me distingue de vocês talvez por UM FOCO particular que para mim é ESSENCIAL e trata-se a muitos níveis de unir a Deusa da Terra com a Deusa do Céu...Unir Maria Madalena e Maria, assim como unir a Mulher das profundezas com a Mulher da superfície? A mulher Útero e a mulher Anima? Pois a Mulher de superfície não conhece uma nem a outra...Ela ainda não EXISTE...

Será que não me entendem?

Ou não querem perceber?

*

Rosa Leonor Pedro

2 comentários:

Cris disse...

Adoro o blogue, mas o fundo está tornando aleitura do texto difícil...

rosaleonor disse...

vou ver isso Cris...Obrigada!
beijinho
rl