QUE AMOR VIVEM AS MULHERES?
Hoje acordei a pensar em como é que a mulher viveu e suportou centenas de anos reduzida aquela imagem de si, estereotipada, inferiorizada, anulada da sua natureza interior, olhada como histérica bruxa e prostituta caso não se submetesse por inteiro as ordens e leis provenientes do patriarcado, totalmente dependente dos padres – essas aves agoirentas cínicas, misóginas e castradas – dos homens em geral e ao seu serviço, quer como esposa quer como prostituta, ou dezenas anos depois, já no nosso tempo, mesmo depois de uma suposta liberdade, completamente subordinada e emocionalmente depende do Pai e do marido ou do amante. É para mim uma coisa impressionante e difícil hoje de aceitar.
Quedo-me verdadeiramente assombrada..
Olho para trás e penso nas histórias das minhas avós e da minha mãe...totalmente dentro dos padrões seculares e depois mais recentemente a minha irmã mais velha, sem outro horizonte que não fosse a casa o marido e a filha...e hoje, hoje mesmo, um grupo de mulheres relativamente cultas e independentes, casadas e divorciadas ou separadas ou mais velhas...mas ainda todas sujeitas às influências do Pai e dos maridos mesmo sem estarem já debaixo da sua tutela ou então subordinadas ao amor dos filhos...
Sim, mulheres novas, bem mais novas do que eu, de uma ou duas ou mesmo três gerações depois de mim, continuam a reflectir essa dependência, essa influência e agora mais grave ainda a nível culturaL de forma mais subtil e sofisticada, MAS A MESMA DEPENDÊNCIA, embora mais psicológica e sexual que mental e física, mas que vai resultar no mesmo.
Mulheres de cultura ou com formação académica… endemicamente patriarcal...têm a mesma dependência do homem que as suas avós…Mulheres activas e com profissões variadas, continuam a fazer em casa e a ter as mesmas dependências e obrigações com os maridos e mais, muitas médicas e professoras ou empregadas, são escravizadas e prisioneiras afectiva e emocionalmente de indivíduos mentalmente agressivos e dominadores que as mantêm debaixo do mesmo jugo em que avós e pais mantinham as mães. Isto para nem sequer falar da violência doméstica como é óbvio.
E nós a pensar que a sociedade mudou, que nada disto acontecia já, mas não…E o meu espanto vai de facto para a discrepância das ditas mentalidades e das aparências sociais e depois o que as mulheres vivem na prática, dentro delas e dentro de casa e nos casamentos…mesmo homens amantes das mulheres, em casais normais, eu vejo a marca do dono…os sinais da posse e do domínio subtil do homem e a prosápia cúmplice sobre as suas mulheres ou amantes uns com os outros.
Sim, há mais razões para além das sociais e psicológicas. Há a dependência sexual pela forma como esta é veiculada nas sociedades e culturas machistas, mas também dessa forma psíquica orgânica diria, que culmina pela posse brutal do homem, pela forma abusiva como o homem usa a mulher e a mantêm ao seu dispor…Conforme as nossas avós tinham de cumprir a obrigação de esposas, hoje as mulheres continuam a ter de cumprir com as suas “funções” apenas com a diferença que antes raros ou nenhuns homens se importavam com o prazer da mulher e hoje fazem disso gáudio…é ser macho dar prazer as mulheres…e elas fingem que sim…raras o têm. Essa nova obrigação de o homem dar prazer a mulher e da mulher ter orgasmo, ao contrário do que antigamente acontecia, é manipulado pelos meios de controlo mediático, cinema e televisão e moda. A nova escravidão da Mulher passa pela sua passiva rendição a tudo o que promove a sua nova imagem…e indústrias como a L’oreal e tantas mais no mundo são indústrias milionários a conta dessa exploração de imagem de beleza e de juventude da “mulher ideal” propagada por toda a infernal engrenagem de domínio das massas principalmente da mulher…
Pensar que a própria astrologia a que as mulheres recorrem
com grande premência, é feita no sentido único de encontrar o "par" marido ou do sonho
do par ideal, sem sentido objectivo da individualidade, sem ver mais nada senão esse imperativo e esquecendo-se delas
mesmas.
E eu fico espantada com mulheres incríveis e capazes se sujeitam a esquemas
doentios e dolorosos, perdendo até toda a sua dignidade, mas vivendo-os como
“normais” só para realizarem esse sonho… ou esse “programa celular”? … E é aí que entramos no domínio do biológico…no domínio de algo que a ciência humana e a medicina não estão interessadas em saber nem em pesquisar e se não fossem as tradições xamânicas e outras e o conhecimento esotérico, ninguém suspeitaria que por detrás desse domínio existe um imperativo mais perigoso e ardiloso, e mais poderoso que faz com que as mulheres sejam vampirizadas sexualmente pelo predador homem e sexualmente exploradas em todas as frentes de forma invisível e incontornável a não ser pela atitude de recusa consciente e deliberada da mulher em evitá-lo, recusando ser cativa e presa de um destino inexorável de que ainda desconhece as causas; mas há muito lhe sofre as consequências de forma horrível e extremamente dolorosa, em termos mesmo de um certo holocausto como o foi a “caça as bruxas” na Idade Média.
Essa “caça” hoje é sofisticadíssima…e os perigos maiores do que ela sonha…estão nos químicos, nos comprimidos, nos anticoncepcionais, os de dias antes ou depois, nas quimioterapias, nas terapias “preventivas” e nos hospitais, nas operações e torturas a que se submete manipulada pelos média…e a mulher, vitima inocente é o alvo de uma macabra guerra biológica…contra a sua génese, o seu poder intrínseco.
Eu não estou a julgar essas mulheres de ânimo leve… mas apenas a constatar factos óbvios para quem quiser ou poder ver. Sem dúvida que eu posso ter sido uma excepção ou uma das raras mulheres que existam da minha geração, que não se submeteram a essa exploração/domínio, e que, para além de nunca ter tomada nada “preventivo” houve situações concretas e específicas da minha vida que me ajudaram a superar essa dependência a vários níveis …e a não cair no domínio dos homens, da sexualidade, fosse ela qual fosse, mas isso fi-lo através de um longo Caminho Interior e de uma Consciência do SER que também era do meu Ser enquanto Mulher. O que inicialmente parecia um “desvio” do meu destino, e um sofrimento por não me enquadrar no modelo exigido pela sociedade, foi a vitória sobre essa subjugação “amorosa”, sobre esse modelo cujo padrão arcaico é renovado e hoje considerado “moderno”. Não só me libertei desse imperativo do sexo como me libertei de qualquer padrão vinculativo e redutor do meu ser como Mulher. E isso posso hoje afirmá-lo com clareza e consciência plena de que o meu destino era decerto UM AMOR MAIOR: Título do quase poema juvenil e conforme intui quando tinha apenas vinte poucos anos e publiquei uma pequena crónica num jornal local ou já nem me lembro se num suplemento juvenil do Diário de Notícias, há mais de 40 anos…e no qual também ganhei um prémio “literário”…depois disso, não ganhei mais nada… a não ser a mim própria…e esse é o meu único sucesso “literário” espiritual e humano.
rlp
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