O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

OS MITOS DA FELICIDADE...



NÓS, AS MULHERES...e a busca da felicidade...
(NUNCA ENCONTRADA...)

HÁ MUITAS MULHERES QUE PROCURAM DESESPERADAMENTE a dita felicidade...

Há mulheres que não pensam noutra coisa que não seja encontrar alguém que lhes possa colmatar o vazio da sua vida a sua falta de sentido em si...Mulheres que não pensam em mais nada nem querem saber de mais nada. Mulheres que dão e tudo e tudo fazem nessa miragem...
Mulheres que vivem obcecadas pelo par...que se destróem e que mutilam o seu corpo no sonho de encontrar um amor...que as mata...

Eu sei porque passei também por isso, como todas nós, mas o que está aqui em causa não é meramente esse facto absoluto da ideia e perseguição do par amoroso. Mas sim a urgência e a premência de começarmos a pensar de forma diferente, de darmos a nós mesmas espaço e tampo e a oportunidade de sermos sós...de sermos em nós quem nós realmente somos. Isto não é negar o "outro" e a sua necessidade, mas apenas fazer-nos pensar acerca do quão estamos longe de uma identidade própria, de uma autonomia e por aceitarmos esses factos que são completamente aprisionantes, manipuladores, como naturais. E não são. Temos em cima de nós toda a máquina social política e religiosa de séculos que nos fez pensar assim, que nos formatou assim; temos a a ciência e a cultura e até mesmo a literatura e a arte - o cinema e a música - que nos bombardeiam com o mito do par romântico até à exaustão...com a ideia de que sem o "par amoroso" não somos nada e que sem alguém que nos ame a nossa vida não vale nada...

Não, não é assim. E nós precisamos de acordar para nós mesmas e sentir que isso não é A verdade, a nossa verdade. Que nós temos um fundo incomensurável (como diz o poeta, a mulher é como o mar mais profundo nos seus sentimentos e emoções),  que nós temos uma verdade bem nossa por resgatar, que nós temos um potencial e um manancial imenso por revelar. Que nós somos capazes de mudar o mundo se começarmos a ver como fomos enganadas e traidas e persequidas em nome do "pecado"...que somos encaradas apenas como um corpo reprodutor e um sexo...Que somos exploradas até à medula, pelas industrias farmaceuticas e cosméticas, que o nosso Útero, os nossos ovários, os nossos seios são expostos às radiações mesmo sabendo que daí não advém a cura dos nossos males, e sujeitos a extracções dos mesmos mesmo quando não estão totalmente em risco, pela Máfia Medica, como "prevenção". Somos sujeitas a intervenções estéticas aberrantes para manter a imagem que o homem e os midea de nós espera e que se a não temos desesperamos pelo medo de não sermos amadas. Não só o nosso corpo é tratado aberrantemento pela mafia médica, estilistas e outros, como pelos midea, e ainda somos manietadas pelo Clero e pelo Estado...Para só nos focarmos no Ocidente "civilizado"...
Será que nós queremos tomar conta das nossas vidas? Será que nós queremos encontrar a nossa verdadeira identidade? A nossa verdadeira liberdade que é muito mais do que salário iguais e direitos laborais? Aceder a profissões de elite e altos cargos?
Será que nos contentamos em ser cobaias  e adjuntas, Atenas saidas da cabeça do Pai? A defender os homens e os seus filhos, filhas sem Mãe  e a atacar sempre as outras mulheres? Mulheres que se dizem antifemistas e "resolvidas" mas que odeiam e rivalizam com as outras mulheres por ódio e vingança, e que lutam por um lugar de chefia?

SERÁ QUE NÓS QUEREMOS SAIR DESTE CICLO INFERNAL EM QUE FOMOS APRISIONADAS PELO PATRIARCADO?

Se queremos sair deste longo cilclo vicioso de sermos a metada da  Humanidade banida e explorada, temos antes de tudo  libertarmo-nos desse mito da felicidade e da ideia obsessiva do "par amoroso", dessa tirania secular e começar a pensar por nós e para nós...temos de esquecer essa pseudo felicidade que nos prometem todo o tempo e que nunca existiu ao cimo do mundo e que mais do que ninguém nunca nenhuma mulher a viveu...

Por tudo isso prefiro as mulheres que se questionam e sofrem...que lhes dói na pele no corpo e na alma os processos do seu crescimento interior e da sua integração como mulheres, da sua consciência, do que as que continuam cegas em perseguição da sua felicidadezinha, do seu par amoroso, a cair sempre no mesmo enredo e nunca se dando conta de quem são e que são seres capazes de se bastarem e lutarem por uma individualidade e uma verticalidade antes de mais em vez de cairem sempre no mesmo erro. Claro que eu não digo que se não deva viver um amor...um "romance" ou acreditar que a pessoa certa na nossa vida possa aparecer...mas na verdade sempre que o lindo cavaleiro aparece acresce o drama e as dificuldades...o sofrimento...e a compreensão e a ajuda que precisamos e tanto sonhamos não acontece e porquê? Porque o lindo cavaleiro quer colo (ou sexo) e vem apenas buscar o que não tem e que a mãe ou a ex-mulher...(já) não lhe pode dar. E este é o círculo vicioso da mulher em relação ao "amor" do homem...Não raramente as mulheres depois de criarem os filhos e estão divorciadas ou separadas encontram um homem que já não é o dominador ou o algoz, mas que a breve trecho se transforma em mais um filho...carinhoso, mas caprichoso exigente e anulador do seu valor. Será este um destino ou uma escolha da mulher? É a mulher suficentemente consciente de si para o evitar e estar prevenida ou cai sempre no mesmo enredo sentimental, o mesmo ciclo vicioso, querendo ou não? Tem a mulher QUERER?

Será que a mulher algum dia terá a capacidade de SER ELA MESMA por si só? Amando sem se perder, amando por ser apenas MULHER, sendo livre e digna e sem se deixar manipular por velhos padrões e comportamentos que a têm impedido de ser um indivíduo integro, capaz de dizer NÂO, em vez de se deixar explorar psiquicamente e emocionalmente! E viver a sua plenitude apenas enquanto SER HUMANO?
 rosaleonorpedro

PARA REFLECTIR...

"O que me leva a uma pergunta especial para sua reflexão...
Você alguma vez já vislumbrou o que compõe seu eu maior?
Acho que uma mulher pode enxergar muito do seu eu profundo ao examinar algum fenômeno raro nos motivos condutores dos contos de fadas, aqueles que caracterizem nitidamente como uma mulher se torna sábia. Quando examinamos os temas nas lendas e mitos, vemos uma configuração sem paralelo, que é a seguinte: sempre que uma jovem está em situação angustiante, não é tão freqüente que um príncipe apareça, mas costuma ser, sim, uma velha sábia que se materializa como surgindo do nada, lançando sua poeira mágica ao redor e batendo no chão com sua bengala de abrunheiro. Quer essa idosa seja uma velha enrugada ou uma feiticeira com seus amuletos, quer ela seja uma mutante ou uma maga sensual, quer esteja usando trajes de ervas, vestido do brilho do pôr-do-sol, manto da meia-noite ou uniformecompleto de combate... ela é a anciã "aquela que sabe" e surge de repente para ajudar a mulher mais jovem."*

* citação de clarissa pinkola estes

2 comentários:

Jaque Santos disse...

Que maravilha de texto! Gratidão profunda por compartilhar...vou linkar em meu blog tudo bem?

Cada palavra que li agora, reflete todo meu sentimento que até então, estava formulando vagamente para um futuro post...olha como o universo é maravilhoso hehehe

Grande abraço! Liberdade e plenitude!

Ná M. disse...

MUITO bom !!!!!!!! Nossa, como esse texto é maravilhoso.. Oq buscamos como felicidade? Um marido? Roupas novas? Tapinha nas costas dos outros ? Pra muitas isso é sim motivo de felicidade, isso é sim buscado...A minha felicidade, ultimamente, está em encontrar a verdade, está em imaginar, ou tentar lutar, fazer algo, para uma nova realidade... Como posso buscar tal felicidade, se vejo nela um não a minha autonomia? Se vejo nela uma cultura alienada de valores superiores? Pra que preciso da aprovação de pessoas que aprovam oq desaprovo? Não pela felicidade, sim pela seriedade, se for o caso..sim pela paz de espírito, sim pelo amadurecimento...A alegria, a paz, tem um sabor totalmente diferente...