O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, março 09, 2012

SER OU NÃO SER FEMINISTA...



Eu sou feminista  - por  JOSÉ MANUEL PUREZA
(jornalista)
in DN


"Sempre me causaram grande incómodo os depoimentos de mulheres que afirmam "eu cá não sou feminista porque nunca me senti discriminada". Reduzir a História a uma condição pessoal é um malabarismo que confunde as coisas. Martin Luther King não precisou de ser escravo para saber que os negros eram efetivamente discriminados e de assumir a luta contra essa discriminação como a causa da sua vida. O conhecimento da realidade obriga-nos a escolhas. Isso basta.

Mais incómodo me causam aquelas expressões tão triviais de homens que dizem: "Feminismo? Deve haver engano: isso é com elas." O feminismo não é coisa de mulheres. É coisa da democracia. São feministas - mulheres e homens - aquelas/es que olham para a sociedade e veem nela o apoucamento das mulheres por serem mulheres. E que diagnosticam nessa discriminação a presença de relações de poder antigas, culturalmente entranhadas, que aberta ou subtilmente reservam para as mulheres um lugar subalterno no terreno social.

Há quem ainda o faça à bruta - as 14 700 queixas de violência doméstica apresentadas à polícia só no primeiro semestre do ano passado atestam-no bem. Mas o tempo e a denúncia desses atavismos encarregaram-se de revestir a discriminação das mulheres de invólucros sofisticados. Hoje, mais do que justificar a discriminação, desqualifica-se o discurso que a denuncia. É o que se passa desde logo com a absolutização dos casos de sucesso ("ela tornou--se respeitada no local de trabalho, contra todos os preconceitos, estão a ver?" ou "discriminação das mulheres era dantes, agora 65% dos licenciados são mulheres"). O caminho feito nunca justifica a cegueira do caminho por andar. E se há hoje condições sociais e culturais em que a dignidade das mulheres é equacionada em termos diferentes dos que existiam há meio século, o mínimo que apetece dizer é que mal seria se assim não fosse. Mas isso não é, não pode ser, álibi para que não reconheçamos a persistência de uma cultura de disponibilidade para menorizar as mulheres como seres humanos plenamente autodeterminados."
(...)

in DN

 

- "não sou feminista, sou antropologicamente lúcida"

Quando eu digo que não sou feminista, mas sim "antropologicamente lúcida" não nego o feminismo dentro do seu contexto histórico e político, mas contraponho à ideia de "igualdade" e "direitos iguais", um feminino ontológico, um feminino integral, uma mulher total...e não considero que a mulher deva ficar em casa a cuidar das crianças, nem pegar em armas e ir a guerra...nem 8 nem 80...

A Mulher está por redefinir e por se encontrar a ela mesma. Dentro de si...e não fora...e essa é a minha ideia e posição: trabalhar por uma consciência de SER MULHER muito para além deste jogo social económico e político ou guerra de sexos!


Sim, penso e é bastante evidente, que no caso do feminismo em geral a tónica está sempre toda nos aspectos sociais - direitos iguais, por certo uma conquista válida mas que prendeu a mulher aos valores do masculino tendo acabado por se ressentir da falta de uma dimensão do verdadeiro feminino e do feminino sagrado...Ao recusar a religião opressora dentro da ideologia marxista – as lutas feministas estão quase todas associadas ao marxismo - perdeu a sua dimensão ontológica. Perdeu uma metade de si...e tem andado assim ao longo dos séculos...ora sendo uma ora sendo outra e esse é jogo do jugo patriarcal...dá-lhe uma coisa e tira-lhe a outra, mas sempre despojando-a do seu valor e poder intrínseco...

rlp





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