O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, março 01, 2012

A ENERGIA DA MULHER aprisionada...





PORQUE É QUE A ENERGIA DO ÚTERO  É APRISIONADA…(e a Mulher mesmo violada...)


(As feiticeiras.) Disseram-me que ensonhar* era nas mulheres uma função secundária do útero, sendo o primeiro a reprodução e tudo o que lhe é relativo. Disseram-me que era uma função natural, um puro corolário de energia. Dotado de suficiente energia o corpo da mulher só por si, desperta as funções secundárias do útero, e a mulher ensonha ensonhos inconcebíveis.

No entanto, essa energia necessária se assemelha à ajuda aos países subdesenvolvidos: nunca chega. Algo na ordem social vigente impede essa energia de se libertar para que as mulheres não possam ensonhar. Segundo as feiticeiras, se essa energia fosse libertada uma forma clara e tangível, DERRUBARIA A ORDEM “CIVILIZADA” DAS COISAS. A GRANDE TRAGÉDIA DA MULHER é que a sua consciência social (psicológica*) (a psique dividida*) a domina completamente a nível individual. A mulher teme ser diferente, e NÃO GOSTE DE SE AFASTAR DA SUA ÁREA DE CONFORTO E COMODIDADE, do que já conhece. As pressões sociais às quais se vê submetida são de tal modo fortes que ao invés de querer mudar e saber de si a mulher se rende completamente ao que está pré-estabelecido: ela existe apenas para estar ao serviço do homem, e portanto não pode ter sonhos ou ensonhar como as feiticeiras, apesar de possuir essa disposição orgânica.


O feminismo tem destruído as capacidades e a oportunidade da mulher ser ela mesma intrinsecamente, de usar as suas capacidades inatas. E seja através do seu apego às religiões quer ao conhecimento científico, independentemente do lugar a que tenha chegado, a nível social político ou económico, ela é sempre marcada com um mesmo selo: a reprodução como sua função principal na vida.

As mulheres me repetiam isto todas as noites, e quanto mais me recordava melhor entendia as suas palavras e maior era a minha tristeza; não só a título pessoal como por todas nós, nós como uma raça de seres esquizofrénicos aprisionados numa ordem social que nos amarra e gera as nossas próprias “incapacidades”. Quando conseguimos libertar-nos e vimos essa claridade em nós ela é tão efémera que dura somente por uns momentos, e logo nos deixamos cair de forma involuntária ou deliberadamente, num poço de obscuridade.”


Do livro “Sonhos Lúcidos”

FLORINDA DONNER-GRAU


* Os asteriscos indicam os parentêsis como meus...
Nota: ensonhar: mais do que sonhar é uma forma de visionarismo consciente que a mulher possui inatamente…de outras realidades...

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