O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, abril 09, 2012

A IMPORTÂNCIA DAS MÃES...

"A alquimia do amor permite descobrir as várias faces da Anima.

Anima que é, segundo Jung, a mulher que se tem dentro (no caso dos homens; no caso da mulher falar-se-à de Animus).
É a personificação feminina do seu inconsciente. A personificação de todas as tendências psicológicas femininas na psique do homem, tais como a receptividade ao irracional, a capacidade para o amor, o sentimento da natureza, e a relação com o mundo inconsciente.
A Anima surge frequentemente como bruxa ou sacerdotisa - alguém que se relaciona com as forças ocultas do outro mundo.
A sua caracterização, benéfica ou maléfica, depende em grande parte da mãe que o homem teve. É pela mãe que esta forma interior se vem modelar."
(...)
in A ALQUIMIA DO AMOR
de Y.K.Centeno



 É  pelas mães...
Dentro e fora delas que o ser humano se forma e depende...

Alguém  há dias  dizia que a mulher mãe que dá à luz o filho, não o dá segunda vez à luz da vida, quer dizer não o emancipa, não o liberta, não lhe permite “o ritual de passagem” – como nas comunidades ancestrais -  para a idade adulta, rituais esses que já não existem numa sociades moderna e confusa como a nossa, mas que no caso a mãe poderia, se esta fosse um ser consciente,  compreender e dar asas ao filho…Mas ao que eu me queria  referir era ao facto de a Mãe não libertar o filho…porque não pode e não sabe; porém a filha ela “liberta” de um certo modo, pelo antagonismo gerado entre as mulheres, esse velho antagonismo entre  filha e mãe, e bem cedo, empurrando-a para o amor do pai…mas ao filho ela o guarda para ela…mantem-no prisioneiro de si, como compensação da sua “castração”, da sua impotência; assim ela projecta no filho a sua liberdade frustrada, o seu poder negado, a sua incompletude como ser humano. Sim, podemos afirmar isso pois é consensual e verificável independentemente de qualquer teoria psicanalítica ou outra. Mas o que eu gostaria de salientar é que a MÃE não liberta o filho assim como a MULHER madura não  inicia o “filho”, o homem-amante, ao Amor da Deusa-Mulher…e a razão profunda desse facto é que a Mulher e a Mãe ou a Amante…não estão lá,  a sua essência feminina, na sua totalidade, a sua anima foi-lhe roubada…Não falando na Musa nem na Dama…essa então foi morta e enterrada, não cumpre mais funções numa sociedade em que a verdadeira inspiração e a poesia morreu também, pois sem A mulher-musa não há Poesia nem Graças…

A Mãe falha (tal como o pai que é filho da mãe também) na “educação – formação do filho, porque a Mulher autêntica há muito que não existe e o que econtramos na mulher comum, na mulher que é a mãe e a “esposa” nesta sociedade patriarcal, é uma mulher dividida, cindida, fragmentada. Uma mulher sem Anima porque até a Alma lhe roubaram e não foi só na idade média ou algures no tempo em que   místicos e poetas negaram a alma à mulher… recusaram  a sua verticalidade…e só a concebiam na horizontal…de preferência ou nas fogueiras…
Como querem ter uma Mãe que cuide que ame e liberte…se ela apenas cumpre uma função e o resto é apego e talvez vingança…Sim ,a mãe  agarra-se ao filho varão como se agarra ao marido e ao homem para ser…e tendo mais poder sobre o filho do que sobre o  homem que a domina então naturalemnte ela domina o filho e subjuga-o; e é nesta ordem de coisas  que temos uma mãe desnaturada, sim, UMA MÃE DESNATURADA… uma Mulher sem Natura…uma mulher sem anima…e portanto sem essência…Uma mulher que não é uma mulher mas apenas um subproduto da mente masculina.

Esse foi o maior crime cometido contra esta Humanidade…mas ninguém quer ver isso e hoje temos pelos psicólogos e pelos espiritualistas a questão branqueada…Quase sempre que se pretende falar ou aclarar esta questão do feminino e do cérbro direito e o porquê da sua inactividade não se quer ver como a função cebrebral foi bloqueada através do bloqueio do Ser mulher; quando se negou a emoção como coisa ridícula própria de mulheres, a intuição como uma forma de histerismo,  a vidência  a percepção ou a promonição como charlatanice, e até a Palavra como oráculo foi roubada em Delfos e  a mulher através de Cassandra, condenada ao descrédito por Apolo; assim como depois a mulher foi culpada da Queda do Homem, a grande pecadora Eva e depois M. Madalena,  pecadora arrependida, vista pelos patriarcas da igreja de roma; isto  sem falar do Holocausto das mulheres queimadas aos milhares nas foguerias da Inquisição em que ninguém se refere já, maior do que o holocasuto judeu; não querem ver como esses factos contribuiram para impedira  o desenvolvimento natural de funções importantes para toda a humanidade. E para nosso espanto agora essa função começa  a ser atribuida ao Homem e à sua necessidade de se tornar mais feminino, mais delicado, mais sensível …esquecendo que a sua representante natural é a Mulher…e que ela sofre ainda de uma masculinazação forçada pelas urtilização exclusiva  do lóbulo esquerdo…
Assim o mundo Masculino domina toda a existência…e a mulher é dada nessa fragmentação um lugar sempre secundário…sendo omissa e escamoteada a sua prestação na evolução…dos pois hemisférios…e nas escolas de mistérios e tradições seculares.

Havia no Egipo antigo a Escola de Mistérios do Olho direito e do Olho esquerdo…Uma respectivamente feminina e a outra masculina…mas toda a tradição iniciática foi adulterada pelo catolicismo e o mundo ocidental vive do excesso de racionalismo ou de dogmas intocáveis, retirando smepre à mulher o seu direito à palavra e ao púlpito.

E assim com o passar dos tempos chegámos às  nossas “escolas” ocidentais, nomeadamente  a psicanálise freudiana e outras que apenas tratam parcialmente as questões da Psique e da Alma, sem nunca abranger a questão dos hemisférios cerebrais e as suas  características e desenvolvimento; digamos que dentro desta linha redutora também  o digno e conceituado psicólogo Jung, que se distancia e separa de Freud por abranger já uma certa espiritualidade e tradição alquímica…acaba, ironia,  na sua psicologia das profundidades,  por negar à mulher “a anima” como princípio e torna-a activa no homem e confere o animus à partida à mulher…Embora sabendo que ambos os aspectos, anima no homem e animus na mulher,  como opostos complementares se encontrem também em ambos os sexos,  considero, e ao contrário de Jung, que cada um dos géneros representa efectivamente  o polo do seu correspondente hemisfério, ou seja a mulher anima, cérebro direito e o homem animus, cérebro esquerdo. Sendo contundo esta questão bem mais complexa do que se possa concluir tão grosso modo ao nível das alquimias iternas do SER INTEGRADO, e assim não abordarei  aqui, nem me abanlaçarei a tal,  as diferentes questões que se levantam e abrangem  diferentes manifestações do ser humano em termos de identificação sexual versus “opção sexual”, mas nunca a sexualidade deverá ser o aspecto derterminante para definir o ser em si  mantendo o homem e a mulher as características essenciais que o sexo lhes confere à partida, embora havendo casos ou pares diferentes na formação de casais alquímicos.
Voltando ao tema inical, o que verificamos é que de facto, dentro do estado de consciência ou inconsciência das mulheres e do seu feminino integral, a anima está amarrada …ausente, porque a alma na mulher  está amordaçada há longos séculos e o que a mulher fez para sobreviver foi expressar-se como pode valendo-se do seu oposto (complementar) como homem…
Assim, pergunto, conheceu realmente Freud ou Jung alguma mulher inteira e digna representante desse Feminino Essencial?  Duvido…e creio que essa falta de conhecimento da Mulher essência deixou-nos da parte desses autores, por mais bem intencionados que fossem, grandes tramas por resolver …
O desenredar do fio de Ariana vai levar algum tempo…
E com isto nâo digo que não hajam já mulheres ou tenham havida algumas mulheres conscientes dessa divisão e que lutaram, mesmo sem saber as causas, pela integração das duas mulheres separadas pelas religiões patristas…talvez grandes cortesãs que tiveram o previlégio de além de sábias amantes, resgatarem a Dama e a Deusa em si…
Mas nos nossos dias e para agravar um pouco mais as coisas,  nesta aproximação caótica e sem fundamentos credíveis, por vezes, ao paganismo, tudo virou “feminino sagrado” até a mais profana e aberrante das práticas…alienadas dos seus  contextos  como o é o Tantra ou as técnicas orientais empregues no ocidente dentro de um contexto completamente inadequado…Ninguém pode imaginar o drástico e nefasto que pode ser “iniciar” uma mulher ocidental comum a práticas desse género sem calcular os desquilíbrios mais do que prováveis e isso dá-se à falta de ética e de consciência de quem vive à conta da ignorância e fraqueza das mulheres explorando a sua demência de objectos de prazer, barrigas de aluguer e acompanhantes de luxo…enfim universitárias e mulheres “cultas” ao serviço desta sociedade machista e decadente.

Rosa leonor pedro

4 comentários:

Arielle disse...

Rosa, eu concordo com o que dizes, mas talvez eu não tenha entendido direito alguma coisa, por isso vou perguntar... o que, para a senhora, deve significar o ato sexual para a mulher? Como deve ser? Do que se trata o 'sexo sagrado'?... respeito e comunhão emocional seriam o suficiente para tornar uma relação sexual sagrada, uma comunhão ao invés de um ato que subjugue a mulher? Se o feminino for parte ativa ao invés de passiva, se houver o respeito e a consideração de ambas as partes, isso torna o ato sagrado? Passo por uma fase em que estou confusa com a minha própria visão sobre o ato sexual, seus significados e tabus... sua opinião sempre foi importante para que eu formasse a minha (não que concorde sempre, mas você me leva a pensar sempre com maior profundidade...) e sou-lhe imensamente grata por isso.

Arielle disse...

E mais uma pequena pergunta: qual a diferença, para a senhora, das "sábias cortesãs", que cita nesse texto, e as mulheres que são 'objetos de prazer', as "acompanhantes de luxo"... preciso saber qual o fator que as distingue, ter certeza de que interpretei da maneira correta. Agradeço novamente sua imensa paciência respondendo às minhas intermináveis questões... :D

rosaleonor disse...

Arielle, as suas perguntas são muito interessantes e pertinentes...mas neste momento e neste espaço não lhe irei responder, poderei até fazê-lo um dia destes; normalmente não escrevo sobre a sexualidade, no entando se procurar sobre o tema no blog pode encontrar textos meus ou outros que lhe respondam as suas perguntas.
Estou certa de que se continuar a mais ler textos que escrevi terá respostas para as suas perguntas ou então mais dúvidas..
um abraço

rl

rosaleonor disse...

Arielle, tentei hoje responder-lhe não exactamente ao que me pede mas de alguma maneira à questão de fundo e espero que isso lhe responda um pouco à suas questões. Considero que as cortesãs estariam bem mais perto da sacerdotisas do que as prostitutas e as mulheres livres de hoje. Algumas que além de cortesãs eram entendidas em arte e literatura ou grandes mulheres de alguma maneira, não que não sofresem todas da mesma descriminação religiosa, mas tinham atenuantes devido sociais a protecção da corte, de reis e aristocratas...
Sinto que ficou muito por lhe responder, mas na medida do possível e eventualemnte voltarei a questão...
obrigada pela sua confiança
rosa leonor