O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Igual a mim e fiel a LILITH...


Às vezes penso se as mulheres percebem o que as leva ainda a exacerbar os seus ideias e crenças em vez de viver a realidade a partir de si mesmas e do que são capazes na prática em vez de se alienarem em projecções incríveis que nada têm a ver com a sua vida em concreto. Sim as mulheres preferem ainda idealizar mundos e fundos...para fugir a si mesmas e aos seus abismos...Quando não vivem para a moda e para o “amor” de um homem que há-de vir, o príncipe sapo ou o marido ideal, elas preferem, as mais “religiosas”, projectar ou “canalizar” imaginando mundos maravilhosos e totalmente idealizados com um senhor no céu…um extraterrestre que as vem salvar…Ou então se são intelectuais…continuam a acreditar nos filósofos e nos psicólogos que formataram as suas mentes e as tornam dependentes de um Falo…sem o qual nada são, como diz Lacan…
No que me concerne, talvez porque sou mais velha, escrevo e falo de acordo com a minha realidade e em geral tento viver com os pés bem assentes na Terra e olhar em meu redor em vez de especular sobre deuses ou mesmo a Deusa ou sobre o que quer que seja.
Talvez seja por isso que não granjeio muita popularidade e até sou acusada de ser céptica e derrotista...
Pode ser verdade...mas para mim é muito mais importante cada passo dado no chão térreo da nossa vida do que mil passos dados no ar a sonhar...em nome de milagres e deuses/as ou crenças e de outros mundos que não nos servem para nada senão para nos iludir e afastar do nosso caminho pessoal...
Eu me pergunto porque preferem as mulheres toda essa idealização, a fantasia dos mitos e dos seus heróis, a projecção de deuses e anjos, doutros mundos e de coisas fantásticas e inacreditáveis, inverosímeis, que nunca acontecem em vez de acreditarem em si mesmas, em vez de procurarem ser elas mesmas...
Sim eu pergunto porque será assim há centenas de anos, dezenas de anos e elas continuam a acreditar no Pai e no Filho...e renegam a Mãe e a Filha, renegam-se a si mesmas e às outras mulheres, rivalizam entre si, odeiam-se visceralmente, repelem-se umas às outras, e aquelas que lhes dizem as pequenas e insignificantes verdades...Continuam a disputar o macho...a odiarem-se por isso...miseráveis, infelizes, inseguras...fragmentadas…
Sim, eu entendo…porque não gostam de me ler…lembro-me como eu detestava o que a minha mãe me dizia...quando ela me chamava à realidade e me dizia certas verdades a contrabalançar as minhas crenças de adolescente e o meu idealismo de mulher jovem, os meus sonhos e as minhas fantasias sobre o futuro...

 Sim, um dia eu havia de ver com os meus próprios olhos...mas a diferença entre mim e a minha mãe...é que eu pude ver a Mulher que eu sou em essência e em vez de procurar no homem a minha felicidade/escravidão como ela ou seguir os padres, os ídolos e os mestres do passado...e ficar escrava da sexualidade do predador, do medo e do pecado e viver toda a vida como ela, em luta e conflito em dor e em depressão, presa a um casamento infeliz (porque uma mulher separada ou divorciada era uma mulher condenada moralmente e as mais pobres à prostituição...) ou então presa nos filhos e depois nos netos, sem vida própria sem afecto ou auto-estima, presa ao ciclo que se repete há milénios. A grande diferença é que eu sou livre e Sei hoje quem sou...

EU SOU MULHER e não preciso de mais ninguém para Ser... nem de deuses para me elevar aos céus...eu sou Mulher Terra e barro e alma e espírito encarnado...eu Sou Eu...e a Vida pulsa em mim em todas as veias e artérias e o meu coração rejubila na exactidão do que sou...aqui e enquanto viver na terra não reconheço mais deuses nem poderes que não os da Grande Deusa e da Grande Mãe...
Quando será que as mulheres caminharão na terra sem promessas de céu nem de amores ou de prazeres e se focarão em si mesmas como fonte de um poder que nem sonham ainda qual seja...Um poder que lhes daria a força e o ânimo – a força da alma - e a certeza de que não estão sós e a Grande Mãe está com elas...e que enquanto se desconhecerem em essência continuarão devotas de mestres e guias e a acreditar no Pai que as vai salvar e levar para um lugar seguro...longe daqui...

A Mãe está na Terra, Ela é a Terra, ela é cada árvore e cada pássaro e cada formiga...Ela é cada grão de areia, cada lágrima...Ela é cada mulher que se olha nos olhos e firme sabe que a Mãe é a Vida e a Morte e não tem que buscar mais do que a si mesma e ser-lhe fiel por dentro e por fora...E que quando isso acontecer, naturalmente a Paz virá e a Harmonia e o Seu Coração Supremo reinará sobre o medo e os abismos...e uma Nova Terra nascerá...

 rlp

2 comentários:

Else disse...

Tenho filhos e sou muito feliz com estes companheiros, mas sinto exatamente como você e antes de mim, minha mãe.

rosaleonor disse...

a nossa história mudará...

rl