O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, outubro 18, 2013

AS ABERRAÇÕES DA SOCIEDADE PATRIARCAL...

 
 
"EU QUERIA SER MULHER..."*

 
Ainda ontem vi uma desgraçada criatura, que estava a ser entrevistada num programa deprimente, cómico e obsceno, para a "juventude" em que se expunha falando com um ar totalmente alienado das suas múltiplas intervenções cirúrgicas e plásticas várias para se "tornar" mulher...
Dessa imagem burlesca e constrangedora, com um rosto ciclópico, uma espécie de boneca insuflada totalmente de plástico e de uns grandes lábios "cilicónicos", ela depois cantava e fazia gestos grotescos...como que articulada por cordéis invisíveis desta nova  Caixa de Pandora...que os homens foram desenterrar...aliás eles querem-se converter naquilo que inventaram para a mulher...não na Mulher Real ou autêntica.
Por isso não me venham com histórias de problemas de género por aí, porque as diferenças de género resolvem-se na vivência humana alargada, na consciência da diferença em si, na psique e não no corpo...e menos ainda em operações plásticas e brutais de castração!
Os homens querem ser "mulheres", mas eles não querem ser a mulher comum, a mulher normal...a mulher sem maquilhagem...eles querem ser a "puta", a pop-star,  a diva do cinema, eles querem ser um qualquer simulacro da mulher, todos esses seres que são mulheres à partida mas não passam de estereótipos, "mulheres" deformados por plásticas e silicone que deambulam nos cenários de alienação e ficção global Hollywoodesca desta  humanidade decadente.


 
rlp 
 
E como canta o poeta...
 

Eu queria ser mulher pra me poder estender
Ao lado dos meus amigos, nas banquetes dos cafés.
Eu queria ser mulher para poder estender

Pó de arroz pelo meu rosto, diante de todos, nos cafés.

Eu queria ser mulher pra não ter que pensar na vida
E conhecer muitos velhos a quem pedisse dinheiro -
Eu queria ser mulher para passar o dia inteiro
A falar de modas e a fazer 'potins' - muito entretida.

Eu queria ser mulher para mexer nos meus seios
E aguçá-los ao espelho, antes de me deitar -
Eu queria ser mulher pra que me fossem bem estes enleios,
Que num homem, francamente, não se podem desculpar.

Eu queria ser mulher para ter muitos amantes
E enganá-los a todos - mesmo ao predilecto -
Como eu gostava de enganar o meu amante loiro, o mais
[esbelto,
Como um rapaz gordo e feio, de modos extravagantes...

Eu queria ser mulher para excitar quem me olhasse,
Eu queria ser mulher pra me poder recusar...

* Poema de Mário Sá Carneiro

1 comentário:

Ná M. disse...

Obrigada, obrigada...