Apresentação feita por mim Rosa
Leonor Pedro no lançamento de SER em vez de ter,
de Isabel Magalhães, à esquerda eu ao meio e a Marita ferreira, editora Rumores de Nuvens à direita:
… hoje acordei assim… e acordei assim em ressonância com o que foi citado e depois lembrei-me de como este livro da Isabel Magalhães pode ser lido nesse sentido mais lato de pertença, como uma abertura para a vida, e que pode ser igualmente o de um certo despertar para muitas pessoas, que a conhecem ligada apenas à política, e não lhe conhecem esta dimensão do Ser…
Porque “Ser em vez de Ter” é o início, certamente para muitos, da consciência de uma nova forma de estar na vida e quando digo “na vida”, digo também na política porque são uma e a mesma coisa, pois a intervenção política devia ser uma acção de interesse humano e colectivo, tendo perdido completamente essa dignidade. E é por isso que o mundo precisa - mais do que nunca - de “Uma nova sociedade baseada no Princípio feminino, na ecologia, de empatia e cooperação", e não de poder pelo poder, corrupção, violência e guerra…
Penso que nenhum Ser humano de verdade pode negar a sua intervenção social e fraterna, seja num simples gesto ou num sorriso, numa lágrima, um abraço, porque ser político é estar do lado da nossa Humanidade, dos que mais sofrem, do todo, dos outros, dos que precisam.
E esta será uma nova forma ou a verdadeira forma de estar na política e na Vida, centrados nesse núcleo interno que a Isabel descreve como sendo o “nosso centro físico: o coração, (…) e também à força anímica que nos dá a existência”, diz ela, e que é apresentada aqui como uma espiral em 7 círculos…
E isto foi precisamente o que eu senti ao ler este pequeno grande livro… e estou aqui porque sei também que:
“O CAMINHO NÃO ESTÁ NO CÉU. ESTÁ NO CORAÇÃO” (disse Buda)
Mas, no entanto, confesso, e tenho de o dizer, que antes de começar a ler o livro, duvidei se devia vir aqui, porque não conhecia a Isabel o suficiente para poder deixar fluir o coração. Mas também ela não me conhecia o suficiente e no entanto deu-me um “voto de confiança” e isso diz-me muito dela, porque ela confiou na sua intuição, confiou nela própria e não viu o meu curriculum ou leu os meus livros…
Por isso estou aqui a falar-vos de um livro que senti ser uma promessa simples de como é possível Ser-se Humano antes de tudo o mais, e isto sem nenhuma pretensão literária, mas com a maior pretensão que se pode ter, que é Ser e dizer o que se sente e deixar de ter medo do que os outros pensam ou julgam, a priori, o que implica ter uma enorme coragem e uma grande humildade.
O que a Isabel Magalhães escreveu neste livro não é uma mera fórmula de como saber viver, nem um manual de comportamento ético ou “espiritual”. E embora para alguns possa parecer isso, digo-lhes que não é… porque ele é quase espontâneo e contudo, tem nele a inscrição de uma mulher que se assume inteira e luta pela vida como um bem mais valioso e mostra nele, ainda, que já conhece o valor da sua própria vida e a coloca ao dispor de outros, sem se trair a si mesma, pelo que acredita, e porque acredita mais no que nos une, do que naquilo que nos separa.
E, tal como o título do livro já o anuncia, ela defende o Ser em vez do Ter, ao contrário de quase toda a gente neste mundo, que vive para o consumo e alienada dos verdadeiros valores enquanto Ser humano, que é o que todos somos à partida.
Uma voz assim é uma mais-valia para todos nós…
Por isso, para mim, “Ser Em vez de Ter”… dá para pensar e dá para sentir… e se não desse para me sentir, eu não estaria aqui convosco, e sei que foi essa a aposta da Isabel, ao escolher-me, e será esta também a aposta do SER da Isabel para a vida toda. O que ela fez, foi escolher a pessoa e não o TER ou não ter… curriculum…
E porque ela me mostrou que aposta no que sente… em quem confia, e em quem ama, mostrou-me que confia acima de tudo no ser HUMANO e esta é, tem de ser imperiosamente, uma nova maneira de se estar vivo… para sobreviver ao caos, para sobreviver à mentira em que todos dizem o mesmo e já não se sabe qual é a verdade, a não ser pelo sentir…
E a Isabel diz o que sente, não apenas através de palavras e pelo discurso, mas pela energia das palavras que vibram por si e dizem mais do que o conceito ou o preconceito… mais do que o ideal, a ideologia ou a filosofia… e cujo saber reside no escutar esse centro, que é o nosso coração.
Sim, Ser, em vez de pensarmos sempre em ter, para Sentir esse coração pulsante e inteligente e fazer dele o nosso centro, a nossa visão interna, a nossa bússola, essa é a nova emergência dos tempos que decorrem.
É preciso aprendermos todos a sentir os outros, empaticamente, mas antes é preciso que nos sintamos a nós primeiro e para isso, creio, este livro vai-nos lembrar, todos os dias, se o quisermos ler assim, e se o abrirem ao acaso, estilo oráculo… vamos-nos deparar com uma qualquer verdade, um incentivo à vida… um apelo a recomeçar.
Não sei se digo isto a brincar - pois nessa altura, teríamos uma Isabel Maga em vez de uma Isabel Magalhães, ou ainda, em vez de Maga, eu podia dizer Meiga…porque meiga, de doce, era a palavra inicial para as mulheres que enfeitiçavam as pessoas e que, com o tempo se transformou em Maga…– mas a brincar ou não, é o que me surge do seu discorrer, do qual emana essa mesma força e coragem, próprio das mulheres fortes, que ela imprime em caracteres, e os torna vivos, e portanto mágicos, através de um permanente incentivo à nossa verdade interior e a lembrar que sem essa verdade não vamos a nenhum lado.
E pode-nos parecer tudo isto ser só sonhos… mas não, pois há essa Magia de crer na nossa força interior quando ela é sentida uma oitava acima… quando, e desculpem insistir tanto nesta tónica, nos focarmos no nosso coração radiante…
E isso é mais do que sair da nossa zona de confronto ou conforto, egoísta… da nossa mente racional e lógica, para voltar a acreditar, não no sonho, mas nesta mesma realidade que também tem o outro lado…porque como diz a autora: (passo a citar)
“Os nossos tempos relegaram a Magia para os recantos das fantasias. Mas as fantasias do medo, que se alimentam de factos que ainda não aconteceram e, portanto, nem sequer existem, são validadas como mais prováveis.” I. M.
Como não acreditar então, que todo este universo é mágico, e apostarmos nele e na vida?
Isso é possível, sim, com esta maneira de ser e sentir.
E com esta magia de ser, eu sei que ela poderá chegar longe e fazer a diferença como ser humano e mulher, e a minha esperança é de que a Isabel e muitas pessoas como ela e aqui presentes, possam um dia fazer essa diferença e construir um mundo mais justo, digno e humano.
Dores, sofrimentos e doenças, tristezas e desilusões, sejam eles quais forem, esses sofrimentos são como provas que temos de ultrapassar, assim como os obstáculos, que afinal, vencida a prova, só nos tornam mais fortes e determinados, como é o seu caso, e para que juntos possamos, cada um e cada uma de nós, criar uma sociedade mais fraterna e mais justa.
E para finalizar, sinto que o que nós todos tanto precisamos, agora e mais do que nunca, é que pessoas como a Isabel voltem a subir ao pódio da vida social e política pelas melhores razões e digam ou gritem, se for preciso:
A nossa vida, a vida de todos os seres humanos é o bem mais precioso ao cimo da Terra; ter esta vida é um privilégio, e todos temos o direito de desfrutar dela de maneira digna.
Eu acredito sinceramente que este pequeno livro seja uma grande ajuda nesta caminhada que é a nossa vida de todos os dias. E tê-lo à mão será sempre positivo… não porque é positivo como está tanto na moda ser, mas porque é sincero e nele está impresso, em palavras, o cunho muito próprio de uma mulher corajosa, uma lutadora pela Verdade e pela justiça, que só é possível pela consciência do que é esse Ser em nós.
E não se chega a esta escolha essencial do “ser em vez do ter”, sem ter passado por uma alquimia da alma, onde o nosso desejo mais íntimo corresponde à nossa maior sede e só quando esse desejo, o mais profundo, faz brotar da fonte a água mais pura é que nos sacia a alma...
E é nessa altura que também sabemos que a Fonte desse Amor está dentro de cada um de nós… e só ela, definitivamente, nos mata a sede de vida/vivida…
A escolha é sempre nossa…
Leiam o livro!
Sem comentários:
Enviar um comentário