O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, outubro 08, 2013

UM TEXTO SOBERBO



"COM MUITO CUIDADO"

"É muito frequente que as experiências das pessoas ocorram antes da sua compreensão intelectual. A explicação lógica muitas vezes se desenvolve de forma vagarosa na medida em que as experiências forem expostas a livros, professores ou pessoas que já tenham percorrido trilhas semelhantes. Durante um período talvez você se encontre numa espécie de limbo, sem ao menos saber como falar consigo mesmo sobre o que aconteceu. Ou pode estar muito excitado quanto às suas novas perspectivas e sentir necessidade de compartilhá-las com qualquer um que esteja pronto a ouvir. Talvez você até tenha esperança de que os seus novos conhecimentos sirvam de ajuda aos outros. As probabilidades são de que haja pessoas curiosas ao seu redor que o observaram e o ajudaram durante sua transformação. É muito provável também que elas tenham seus próprios questionamentos. Seu problema agora é como comunicar-lhes algo que talvez nem você mesmo entenda. Junte isso ao fato de que você ainda está se desenvolvendo dentro do seu novo "eu", sentindo-se vulnerável e inseguro quanto aos seus próprios limites. Você pode ter algumas reservas quanto ao próprio modo de agir e se sentir confuso e pouco à vontade perto dos outros. Talvez você pense que eles o estejam julgando pelas suas estranhas experiências, ou estejam prevendo o fato de que você continuará a se comportar de um modo nada convencional.
Alguns familiares ou amigos, aliviados pelo fato de a fase dramática da emergência ter sido superada, podem afirmar que a vida de todo mundo agora deve "voltar ao normal". Por outro lado, você sente que a jornada espiritual apenas começou e que vai durar toda a sua vida. Em geral, as outras pessoas têm pouca idéia do significado das suas experiências. Se estão comprometidas com uma visão de mundo materialista, podem até se sentir ameaçadas por uma nova perspectiva. Você, no entanto, sente que emergiu da sua crise espiritual com grandes descobertas ou dons criativos que poderão ser usados para ajudar os outros. Em The Hero with a Thousand Faces, Joseph Campbell descreve esse sentimento de forma muito bonita: Como ensinar de novo... o que foi ensinado corretamente e aprendido de forma incorreta, milhares e milhares de vezes, ao longo dos milênios da insensatez prudente da humanidade? Esta é a última tarefa difícil do herói, a tarefa final... Como se comunicar com as pessoas que insistem na evidência exclusiva dos seus sentidos com a mensagem do vazio que a tudo gerou? Como você discute a sua nova perspectiva com pessoas que continuam limitadas às suas próprias idéias sobre a vida? "Com muito cuidado."
O problema da comunicação é um dos aspectos mais delicados da volta ao lar. Nós já encontramos muitas pessoas que tentaram falar sobre suas experiências e descobertas com outras que não estavam preparadas para ouvir tais coisas, que jamais tiveram experiência desses domínios e que estavam, muito provavelmente, dedicadas a proteger sua forma de Auto-compreensão e de entendimento do mundo."

 Stanislav Grof

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