O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, novembro 28, 2014

AH POR FALAR EM SAUDADE...



QUE EU ME LEMBRE...


QUANDO acreditei e deixei de acreditar...
"Quanto amei ou deixei de amar, é a mesma saudade em mim." F. Pessoa


HÁ MUITOS, MUITOS ANOS ATRÁS...

Já fui feminista, em tempos, activista dos direitos das mulheres, quando ninguém o era  por aqui, já fui comunista muito  antes do 25 de Abril -  andei em manifestações dos estudantes - era muito nova, nem tinha vinte anos  e sonhava todos os dias com um Mundo melhor, Paz no Mundo e entre os homens de boa vontade...
Sim, tive que fugir para Paris (de França) da Policia de Estado, a PIDE, que perseguia toda a gente e até gente inofensiva como eu assim como milhares de portugueses sem trabalho e um povo que nem tinha de comer...e que foram para França viver em barracas entre lixo e os restos dos franceses - os francius - já ninguém se lembra..
E de lá vim surrealista ... porque vi a mentira do lideres, os crimes dos governos e das ideologias e as mentiras dos partidários e até hoje - nada mudou ao cimo da Terra...
Passaram cinquenta anos...deu tempo para ainda acreditar em deuses e anjos...mas nada que se visse na verdade - era mais um sonho apenas...
Mas ainda assim, às vezes, eu tenho um sonho de Paz na Terra e de justiça entre os homens e verdade para as mulheres. Às vezes ainda dou por mim a sonhar com o meu povo, a minha bandeira, a minha língua e dou por mim  a chorar baixinho por um Portugal que tanto amo...e que se tornou a pátria do futebol e de Ronaldo...com hotéis e estátuas por todo o lado...

E eu choro de tristeza (sem que ninguém saiba) ainda com o Fado e os cantes alentejanos...choro  de repente, como quando era criança, com o hino nacional..."povo valente e imortal...heróis do mar...nobre povo, nação valente e imortal" e comovo-me com Camões e orgulho-me de F. Pessoa, como com tanta coisa nobre que me liga a esta Terra lusa - e ao ser humano em geral - mas vi  que cinquenta anos depois nada até hoje mudou...e tudo continua igual...a opressão o medo e a alienação das massas...
Passou meio século de vida apenas e o meu sonho morreu, aos poucos foi morrendo, não só o meu, claro  mas o de quase todos e só ficou esta coisa para inglês ver, de "grandes portugueses" na ribalta que sobem e descem  (ontem Barroso hoje Guterres) como os macacos na roda da Fortuna... e de gente mesquinha, gente vulgar,  quase  miserável,  o pais dos políticos milionários a viver em Paris no "cinquième arrondissement" e corruptos que vendem a alma ao diabo e o país aos retalhos assim como todo  o património que resta e destruindo o que ainda podíamos ter de bom, por ganância e dinheiro...
Restam-nos os Museus...os coches e as joias da Coroa, porque os dedos já se foram...
Mas mesmo assim ainda hoje,  dou por mim distraída a sonhar  com os mistérios da alma  portuguesa, com o 5º Imperio dos poetas e dos místicos e a Luz que há-de vir...
Sim, comove-me o Cante alentejano que é património imaterial da humanidade, tal como o Fado, como Sintra, como Óbidos ou Fátima?

...mas nós, de nós GENTE comum o que é resta de animo e de esperança para hoje ou para amanhã?
- Ah sim tudo isto afinal talvez não passe de uma saudade infinita  de ser e uma tristeza sem fim da humanidade invade-me...
 

ah sim, tudo isto é a SAUDADE DE MIM...

rosa leonor pedro

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