O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, dezembro 07, 2015

TER (OU NÃO) DISCERNIMENTO



UMA REFLEXÃO BREVE

Sobre a aceitação do outro/a...e de nós mesmas!

Repare-se, quando nos confessamos ou dizemos o que sentimos a alguém, o que acontece em geral é que a pessoa não sabe ler a experiência do outro/a sem fazer comparação com a sua e sem ser subjectiva na apreciação, reagindo sempre ora dando "receitas" ora achando bem ou mal...Não saímos da dualidade de critérios...e essa é a nossa formatação-educação...e a forma como todas as pessoas reagem de forma primária ao que o "outro/a" diz. Ninguém se abre à percepção-visão do outro...um exercício possível e de boa vontade...como complemento da sua.
...
Tenho comprovado que as pessoas raramente  se conseguem dissociar do seu próprio ponto de vista e pareceres subjectivos, conceitos e ideias sobre os temas, quando os outros se expressam para ter uma impressão neutra.  Digo isto para que se  perceba bem  que raramente conseguimos ser imparciais ou colocarmo-nos na pele dos outros/as - pois reagimos quase sempre pelo que sentimos  nós mesmas em vez de recuarmos e sermos imparciais face ao outro/a e assim ou nos defendemos ou atacamos as ideias pela leitura que fazemos do que lemos à priori...
Por isso é tão difícil falar ou escrever sobre o que sentimos para os outros. Não nos entendemos nunca ou raramente porque, além de estarmos a ver as coisas de angulos diferentes,  ou vem logo a receita...ou vem o reparo. E já vão ler isto que eu digo  como se fosse uma "critica" ou um  reparo ao que escrevem ou comentam, se for o caso...

Estão a ver?

Então de facto o exercício de uma pessoa se dizer - escrever - é muito ingrato porque nunca podemos esperar compreensão e aceitação, mas apenas REACÇÃO, rejeição ou silêncio.

No meu caso, mesmo entre amigas/os eu já tenho dito isto, quando eu falo do que sinto ou penso, ou escrevo sobre os outros/as  NÃO ESTOU A JULGAR NINGUÉM  em particular e quando escrevo sobre o que sinto, exponho-me nas minhas duvidas e sou eu a "objectora de consciência" - não preciso que os outros o façam por mim, mas que apenas compreendam e mostrem a sua solidariedade pelo caso exposto, pelos meus sentimentos e não espero receitas (ah medita que isso passa, ou faz reiki ou reza, vai a missa ou faz uma massagem, etc) nem julgamento de uma moral qualquer de que estamos impregnadas - mas aceito de muito bom grado a reflexão sobre as causas comuns que nos afectam sem que possamos nunca avaliar as causas pessoais de cada uma...
O que eu esperava era  que houvesse  compreensão e solidariedade...mas não.

Portanto o convite seria  um olhar neutro sobre o drama do outro/a sem reflectirmos o nosso como oposição..."o eu sou melhor que tu, eu sou pior que tu, eu sei mais, sou mais honesto, tenho razão e tu não etc."

O QUE DEVIAMOS FAZER...

Era  agir como se fossemos todas enfermeiras e tivessemos que por um penso no paciente sem saber porque ele foi ferido...nem o que aconteceu...sem pensar se é o criminoso ou o ladrão ou a vítima...
O que acontece é que quando nos julgamos ou não aceitamos como somos acabamos a julgar os outros/as da mesma forma que nos julgamos a nós mesmas...e passamos logo a atacar o outro ou a defender o nosso ponto de vista apenas. Tudo depende do grau da nossa susceptibilidade também. O medo e a culpa vem sempre em primeiro lugar...e isso tolda e adultera a neutralidade do discernimento...que nesse caso deixa de ser discernimento puro, para ser "julgamento" e é aqui que está a dificuldade em sermos neutrais.
rlp

Sem comentários: