O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, dezembro 15, 2015

VOLTAR À MÃE...

"Naître consiste à sortir de la mère et mourrir serait en fait retourner en sa mère. Alors de quelle mère s'agit-il? N'est-ce pas le centre, l'omphalos en tant que mère cosmo-tellurique: conjunction subtil de forces dont toute matière vivante est issue? 

in L'HOMME ET SON DOUBLE de Etienne Guillé
 


 ESCREVER, ESCREVER E RESPIRAR FUNDO...

Escrever para um universo virtual à partida, esquecer o interlocutor ou os olhos que não te olham expressivos é quase comunicar com o “além”. O que entendamos por além pode ser diferente para cada um segundo a sua própria perspectiva. Neste mundo concreto, ficcionado a partir dos nossos cinco sentidos e uma certa razão a equacionar dados, o Além é o que nos transcende, ou a nossa imaginação, com as suas diferenças... Para quem usa a sua intuição acima de tudo se calhar o além é aqui mesmo! Mas não só, na verdade quando eu digo “além” também me refiro a outro plano subentendido como campo invisível e inacessível à mente humana. Algo que se apreende não através do pensamento, mas do coração, digo inteligente mais. Falo dos sentimentos ou Algo que nos vem de dentro ou do além mente... Algures entre o espaço e o tempo estabelece-se uma Ponte, talvez a poesia, que nos liga ao Cosmos. AS antenas que se cruzam no espaço alargado do nosso próprio ser, não linear...


As energias que ligam corpo-alma-espírito...
O etér o prana e a nossa RESPIRAÇÃO - absorção mágica. 
Nesta ligação é essencial a ALMA da MULHER. Porque ANIMA, liga a Terra ao Céu.

Aquilo que os homens fizeram ao negar o lado feminino da sua própria humanidade, (o catolicismo e o islamismo em tudo idênticos no que respeita à forma como relegaram a mulher para um plano secundarísimo da vida apesar de lhes conceder a “grandeza” da maternidade!) foi a degeneração do próprio homem ou a anulação da sua própria metade. Denegrir ou adulterar uma parte tão importante de Si mesmo, foi um crime contra a Humanidade e o equilíbrio do mundo só será restabelecido a partir dessa consciência equalitária no respeito absoluto do Ser individual, seja ele homem ou mulher. Contudo esta premência a anunciar a mudança do milénio, base para a verdadeira evolução da pessoa inteira, não é imediatamente perceptível na nossa sociedade, supostamente avançada ou civilizada! No Ocidente as mulheres pensam-se livres sem ver a nova escravidão a que estão sujeitas nas muitas variantes da sua pseudo-liberdade.
O mundo cultural está ameaçado de uma nova prostituição que é a imagem como forma de projecção do autor de nada – fenómeno Big-Brother e outros, assim como o sucesso imediato (garantia mínima três anos!) de quem é visto ou falado nos média. Acontece na política o mesmo fenómeno: quem é votado é pela imagem de sucesso que projecta e com quem as massas anónimas e incógnitas se identificam nas democracias...
Antes o Rei era a projecção necessária ao colectivo para superar em termos arquetípicos, as limitações do homem comum, agora é a figura mediática que ao ser visto por milhões, é representativa porque Existe virtualmente, e é vista como um mito porque padrão de valor máximo - o vazio de alma, Ou a dor de alma, como se usa dizer quando nos dói algo de muito fundo...
NINGUÉM VÊ QUE O NOVO REI TAMBÉM VAI NU...
Portanto a nossa “realidade”, sem nenhuma virtude, passa a reinar. Fica assim o que está para ALÉM e era aqui que eu queria chegar!
Este dizer para ninguém e para além do que vemos, será a CHAVE, uma das chaves para o SER?

Ou é mera abstracção, divagação, à procura de um eco remoto via espaço virtual do dizer ao desconhecido sem amarras do medo do outro que ao não nos ver, não nos aprisiona no conceito ou na impressão - julgamento de nós mesmos e, portanto uma fuga para a frente? O ser passa a ser invisível e por isso se resguarda da violência que é hoje em dia o olhar depreciativo do outro se não se usar os símbolos de PODER, como o carro o casaco de marca os óculos ou o fato ou se és magra e escanzelada tipo modelo? E as PALAVRAS são elas também símbolo de Poder? O que é digo demarca-me dos outros se sou inteligente ou intelectual escritor filósofo ou muito culto etc.? Ou muito bom e inspirado e, o estilo na moda e voltamos todas à mesma. 

rosa Leonor pedro

(escrito em 2001)

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