O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, setembro 26, 2016

"As mudanças na vida das mulheres"

"As mudanças na vida das mulheres"
Livro de Anna freixas

"O corpo é algo muito importante na vida de todas as pessoas, mas na nossa cultura para as mulheres torna-se um elemento-chave de identidade e de importância social e pessoal. O corpo é um ponto de referência constante para avaliar como nos sentimos em relação à aparência e como nos gera sentimentos de adequação ou inadequação. Precisamos de alterar os significados culturais sobre o corpo das mulheres idosas; enquanto não o fizermos e o ícone permaneça na juventude e na magreza, não parece fácil que nós as mulheres consigamos reconciliar-nos com os nossos corpos em mudança e  envelhecer, quando a sua  apreciação e aceitação está altamente influenciada por esse imaginário. Precisamos conhecer a experiência corporal das mulheres, como fazem para negociar activamente o significado da idade e o passar do tempo nos seus corpos e em suas vidas. Precisamos transformar os discursos atuais sobre o corpo e colocar-nos no centro do mundo.  Incluindo as rugas.
(...)

Os nossos corpos mudam com a idade. Claro que sim. Esta é a primeira ideia que temos de assimilar. Mudam, vão adquirindo formas, texturas e posturas que nos são as de antes. Nem melhores, nem piores, apenas diferentes, próprias de um corpo maduro. Não quero dizer com isso que não aconteça nada. Claro que acontece, mas trata-se de saber fazer as adaptações necessárias para que esses longos anos que nos restam a partir da meia-idade não se tornem um calvário físico e psicológico, numa tortura emocional no sentido em  que nos amarguem os anos conquistados . Há perdas, certo, mas não se trata de algo terrível, mas é só o curso da vida. Somos apenas diferentes."

Anna freixas

Arte: Aleah chapin (2ª imagem)

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