O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, setembro 14, 2016

"Foi como Mãe que a mulher se tornou ameaçadora...



AS MÃES...


"Foi como Mãe que a mulher se tornou ameaçadora; é na maternidade que ela deve ser transfigurada, domesticada. " - Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo.


“O ferimento mais profundo que é infligido a uma mãe na nossa sociedade não é só a sua opressão, mas a sua adaptação ao mito masculino da respetiva superioridade e a aceitação da própria insignificância. Nos casos em que o movimento feminino contemporâneo interpreta a igualdade de direitos como o direito de serem tão ruins como os piores dos homens, ele perpetua o domínio masculino sob novas formas. Pior ainda: estas mulheres, como negam a força dos aspetos criativos do seu amor, continuaram a educar mulheres e homens que, por seu lado, recusarão a sua própria força real e se decidirão por empregar o seu poder sem escrúpulos. É isto que Édipo representa: a ferida inicial que se transforma numa ânsia de dominar." - Arno Gruen in A traição do eu

Este  excerto de uma lucidez lazer fez-me pensar nas mulheres...que dizem como forma de desculpar os homens - é absolutamente banal e corrente esta afirmação por parte de mulheres comuns e até "instruídas" e escritoras etc....- que continuam a querer justificar os homens (e filhos) que tratam mal as mulheres, dizendo que são as mulheres mães que os educam...que é por causa das mães que eles são assim. Como se as mães, feridas de morte na sua essência, feridas na sua dignidade, pudessem educar... como se mães à partida tivessem ou pudessem ter alguma responsabilidade na sua inconsciência de si como ser humano de segunda classe...sim, como poderiam elas educar os filhos e filhas com este estigma, com este ferimento profundo no seu corpo físico e emocional... esta cisão da sua psique e condenadas em família e em sociedade à sua insignificância...como mulheres!
rlp

1 comentário:

Ná M. disse...

No Sudão e em outros países lá perto são as mães que levam as filhas pra fazer mutilação genital....