O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, setembro 30, 2016

A ilusão atual da libertação da Mulher

A ilusão atual da libertação da Mulher
Uma jovem escreveu...


“Pela minha pesquisa e por tudo o que tenho aprendido neste caminho de descoberta a que me propus, que começou mais intensamente e de forma mais coesa há quase um ano atrás, quando iniciei este curso, os símbolos chave da Deusa relacionados com o conhecimento são as Maçãs (Macieiras) e a Serpente. Curiosamente, o pecado original sempre foi representado com esses elementos. Claramente, de forma propositada. Por um lado, denegrir tudo o que para a Deusa era Sagrado e ao mesmo tempo, despojar a mulher da sua dignidade, apresentando-a como a raiz de todo o mal, a meretriz, aquela que por artes “mágicas” leva o “pobre” homem a fazer o que não quer. Moral da história: o pobre homem, inocente e puro, que por artimanhas de uma mulher que vendeu a alma ao diabo (serpente), foi expulso do paraíso.

Quanto à questão, e acaba por de alguma forma se entrelaçar com o que escrevi acima, com a “teoria do pecado original” a mulher passa a ser um ser servil, porque, despojada da sua dignidade, não é mais que um objeto nas mãos dos homens. Nada do que poderá vir dela é bom ou pode ser aproveitado, portanto, desprezam-se as suas ideias, negligencia-se a sua educação, “fecham-se as mulheres numa “redoma” de vidro para as proteger”. Na verdade, não se dá oportunidade de evoluir ou aprender e assim se trava e se “domestica” a mulher durante séculos e milénios. Ela existe para produzir herdeiros, dar prazer aos homens e servi-los nas lides domésticas, eventualmente, eles levam-nas a comprar vestidos, compram-lhe adornos bonitos (mais ou menos caros) e elas sentem-se felizes e agradecidas. Nunca exprimem as suas ideias nas reuniões de amigos, porque já sabem de antemão que são ideias ridículas e todos vão rir dela e pior o marido vai ficar furioso.

Eu pensei que as mulheres da minha geração já eram mais livres, mas estava totalmente enganada. Mulheres até com bastante formação académica, na verdade não passam de cordeirinhos ao lado dos maridos ou até se sentem envergonhadas de mostrar a sua inteligência porque não querem que o marido faça má figura. Mulheres a quem foram dadas todas as ferramentas para se libertarem, mas que escolheram viver cativas por medo de não haver um lugar para elas nesta sociedade, ou pior, por “amor” a um homem que as reduz..."


Mónica Moon
in A DEUSA NO CORAÇÃO DA MULHER de Luiza Frazão

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