O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, março 03, 2017

A ÁGUA DA VIDA




MUNDO ESTAVA NO ROSTO DA AMADA

O mundo estava no rosto da amada -
e logo converteu-se em nada, em
mundo fora do alcance, mundo-além....

Por que não o bebi quando o encontrei
no rosto amado, um mundo à mão, ali,
aroma em minha boca, eu só seu rei?

Ah, eu bebi. Com que sede eu bebi.
Mas eu também estava pleno de
mundo e, bebendo, eu mesmo transbordei.

© RAINER MARIA RILKE

SEDE

Ó minha amada, de ti sou insaciável
Tenho fome e sede do teu corpo como de pão e água!

Uma ânsia infinita dos teus olhos,
Uma premência inaudita do teu ser
E da tua boca, oh! Nem quero falar porque desvairo
E desfaleço da sede de te beijar!

Ó delíquio da fusão, ó sonho de ti renascer
E como na origem só uma ser.

Eu e tu , mãe eterna na minha alma inteira a vibrar,
Liquefeita eu nesse mar do teu olhar,
para sempre no teu Santo Nome mergulhar.

Ó minha amada, de mim sou insaciável!

Rosa Leonor Pedro
In “Mulher Incesto”

O complexo mitológico do incesto pode, numa das suas acepções particulares, inserir-se neste conjunto. A Mulher que desempenhou o papel de "mãe", que forneceu ao ser dividido a "Água da Vida" e da ressurreição (o "segundo nascimento" próprio dos Mistérios Menores) é possuída por aquele que, de certo modo, gerou e é seu filho. (...) A OBRA

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