O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, março 13, 2017

A MULHER COMO MEDIADORA



DE VOLTA A CASA...

Existe no âmago de todas as mulheres o que Toni Wolffe, uma analista junguiana que viveu na primeira metade do século XX, chamou de "mulher mediadora". A mulher mediadora se posiciona entre o mundo da realidade consensual e o do inconsciente místico, fazendo mediação entre eles. Ela é o transmissor e o receptor entre dois ou mais valores ou idéias. Ela é a que dá à luz novas idéias, transmuta velhas idéias por idéias inovadoras, faz a comunicaçã...o entre o mundo do racional e o do imaginário.
Ela "ouve" coisas, sabe "coisas" e "pressente" o que virá a seguir. Esse ponto a meio caminho entre os mundos da razão e da imaginação, entre o raciocínio e o sentimento, entre a matéria e o espírito — entre todos os opostos e todas as nuanças de significado que se possam imaginar — é o lugar da mulher mediadora.
(...)
Ela é capaz de viver em todos os mundos, no mundo superficial da matéria e no mundo distante, ou mundo oculto, que é o seu lar espiritual, mas ela não consegue ficar muito tempo na terra. Ela e o pescador, a psique egóica, geram um filho que também consegue viver nos dois mundos, mas que não consegue ficar muito tempo no lar da alma.
(...)
A Mulher Selvagem é uma combinação de bom senso e senso da alma. A mulher medial é o duplo de si mesma e tem também essa dupla capacidade. Como a criança na história, a mulher medial pertence a este mundo, mas tem condição de viajar até os recessos mais profundos da psique com facilidade. Algumas mulheres nascem com esse dom. Outras mulheres adquirem essa capacidade. Não importa a forma pela qual se chegue a ela. Um dos efeitos da regularidade na volta ao lar está no fato de a mulher medial da psique sair fortalecida toda vez que a mulher vai e volta.


CLARISSE PINKOLE ESTEES
MULHERES QUE CORREM COM OS LOBOS

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