O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, agosto 26, 2018

O POTENCIAL DA MULHER



"A MULHER NÃO PRECISA DE SE TRANSCENDER COMO O HOMEM PRECISA. COMPLETA-SE NELA PRÓPRIA."  Agustina Bessa-Luiz



"O PECADO" ASSOCIADO À MULHER

Houve históricamente da parte da Igreja de Roma uma necessidade secular e sistemática de destruir a mulher por causa do seu poder interior, do seu magnetismo sexual, do seu potencial iniciático, tendo os padres da Igreja tudo feito para que ela, Eva, se transformasse na culpada da "Queda" do paraíso para o Homem, numa visão misógina do Velho Testamento e assim transformá-la na "pecadora" eterna, tal como mais tarde, seculos depois, quando elevou a Virgem Imaculada Mãe de deus aos ceus e condenou Maria Madalena, a amante de Jesus, como pecadora, embora arrependida…

Esse estigma da mulher, como pecadora e culpada de seduzir o homem e o afastar de deus, aconteceu em quase todas as religiões, incluindo as orientais, em que a mulher é um perigo para o homem casto que quer entrar no nirvana e hostilizada quando está menstruada não podendo frequentar os templos. Foi preciso destruir a Mulher Original, dividí-la em duas partes, para a impedir de usar o seu poder inato.
Só com a Inquisição a "santa madre igreja"  matou mais de 3 milhões de "bruxas", um verdadeiro holocausto de que não se fala - 3 milhões de mulheres livres e independentes economicamente, parteiras e curandeiras, jovens cuja beleza as tornava alvo fácil de males variados, como copular com o diabo etc. - quando na verdade o objetivo era bem outro: impedir que o poder interior da mulher enquanto jovens e de matriarcas, donas de terras e castelos, pudessem ter poder e a Deusa Mãe se pudesse manifestar de novo; também o Alcorão foi interpretado de forma falseada pelos muçulmanos para justificar a barbaridade cometida contra as suas mulheres desde crianças, em que milhares e milhares de crianças são mutiladas do seu clitóris a fim de as impedir de ter acesso ao prazer e ao seu poder como mulheres.


O RESGATE DA FEMINILIDADE DA MULHER

Normalmente não falo nem foco a questão da sexualidade da mulher, e sim tenho focado a essência do feminino sagrado, no qual está subentendida a sexualidade genuina da mulher, mas foi-me pedido que respondesses a algumas perguntas sobre qual é a verdadeira sexualidade da mulher…
Vou tentar, mas penso que seria mais fácil dizer o que não é essa sexualidade...pois esta se encontra completamente distorcida e alienada do seu sentido profundo e do que seja a verdadeira Mulher - não a mulher vista apenas como objecto sexual, prostituta ou mãe compulsiva, dona do lar, e agora barriga de aluguer, não - mas a Mulher essência, a Mulher total e talvez aí estivesse a resposta correcta, pois se a mulher não se sentir integrada e validade na sua totalidade, não conhece o seu potencial seja sexual, seja psíquico e emocional - o que só é possível vivendo para lá da habitual divisão da mulher entre a "santa e a puta", a mulher considerada "pura" ("virgem" inicalmente, honesta, fiel, bem comportada etc.) ou da mulher perversa, libertina, ninfomaniaca, conceitos sempre ligados a sexualidade que lhe é imposta pelos homens e as suas estruturas e instituições, nomeadamente as religiões patriarcais sendo ainda bem patente a sua nefasta influência na nossa sociedade mesmo que hoje julguemos todos esses conceitos ultrapassados....

Pessoalmente não concordo com uma formação ou educação sexual em termos teóricos ou práticos sem que a Mulher seja plena e consciente do seu ser em essência e embora considere, por exemplo, o Tantra Yoga uma prática evolutiva do ser humano como um todo, não creio que a simples instrução teorica ou mesmo prática de uma sexualidade diferente dos contextos culturais em que se vive, seja benéfica para a mulher e a liberte…
Ao contrário do que é comum pensar-se, devido à proliferação de ensinamentos e métodos orientais e outros, considero que sem que a mulher integre as duas mulheres em si cindidas, além de ser muito perigoso para a sua sanidade mental, ela não poderá ser realmente livre e capaz de se assumir na sua plenitude e sensualidade sem essa base interior e consciência da sua totalidade; é que há tanta ou mais confusão na cabeça das mulheres sobre sexo hoje em dia do que antigamente e o que se fala e vê como erotismo é mais pornografia e baseia-se numa sexualidade genital, diria "tecnicista", brutal mesmo e totalmente redutora da sua essência e que fere a sua dignidade, e que nada tem a ver com o potencial e a grandeza da mulher em si como SER humano e que só o Amor e a sacralização do mesmo podem dar...

Nada tenho contra as prostitutas, ou contra as mulheres que se julgam livres e praticam sexo pelo sexo, mas já não suporto a ideia de as compararem erradamente às chamadas "prostitutas sagradas" como se a prostituição tivesse alguma coisa a ver com as antigas sacerdotisas da Deusa, a Deusa do Erotismo, pois ao contrárias dessas sacerdotisas, mulheres consagradas e cultas, iniciadoras do amor ao serviço da Deusa Mãe, as prostitutas vendem o corpo e continuam a ser usadas só pelo sexo-dinheiro e rebaixadas por essa condição e sem consciência nenhuma da sua verdadeira natureza, grandeza e dignidade humana de mulheres e deusas.

O sexo é iniciação e revelação, servindo de possível alavanca para a elevação do ser na união sexual em sintonia perfeita do corpo alma e espírito. Enquanto o sexo não for vivido nessa dimensão superior não libertará a pessoa humana, bem pelo contrário, mantem-na escrava de vícios, bordéis e máfias ou dos conceitos e preconceitos seculares ou dos contra-conceitos actuais o que vem dar ao mesmo!

Não se pense que se chega à integração dos opostos apenas com "ideias livres", através de práticas e métodos, sem um esforço de coerência, começando nessa integração do SER MULHER em si. Não podemos continuar a confundir a "liberdade sexual "com o uso abjecto e promíscuo do corpo sexo da mulher, nem definí-la com um termo degradante da sua verdadeira natureza, nem com a facilidade das relações sem amor.

Na verdade penso que as mulheres não têm senão que relembrar ou resgatar o seu verdadeiro potencial feminino, o feminino intrínseco, que se liga à sua essência e não viver uma sexualidade fútil e mecânica de acordo com os padrões machistas e falocráticos, sem que respeite esse potencial inato que é a sua matriz divina, a mulher ancestral do início. Para isso será preciso a mulher ser ela mesma de novo e lembrar-se quem ela era e que poder é esse e como resgata-lo, para que o possa usar em beneficio de si mesma, integralmente e em beneficio da natureza global, do equilibro humano e planetário e do Universo.

rlp

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