O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, maio 25, 2022

A MORTE DA MÃE...



AQUILO QUE AS MULHERES NÃO QUEREM VER: que "A mulher sempre foi vista como incompetente. Diziam que elas tinham um cérebro humido, e por isso eram fracas, débeis, lerdas de raciocínio. A desvalorização dela foi tão absurda, que na Idade Média houve uma grande discussão para decidir se a mulher tinha alma ou não."
Regina Navarro Lins


AS MULHERES NÃO SE RESOLVEM POR MAGIA NEM MILAGRES, OU POR FÉ...
As mulheres por aderirem a grupos ou movimentos de mulheres ou terapias de grupo ou mesmo yogas, ou por outra maneira qualquer, por quererem mudar um registo que nelas diria é uma programação quase celular e antiga - que a mulher comum é exemplo - não conseguem libertar-se dele senão com muito tempo e trabalho ou a não ser que se mentalizem ou idealizem de si o que melhor lhes apetecer ou gostariam que fosse e isso não é real.
Este poste é para as mulheres que tantas vezes me leem de raspão ou superficialmente e sem me conhecer, e fazem juizos precipitados - certamente não se dão ao trabalho de pensar! - e por isso quero dizer-lhes que, como é obvio, eu acredito e sei que há mulheres bem intencionadas a percorrer seriamente os caminhos que as levam a si, mas também sei que na maioria dos casos e das vezes a falta de consciência psicológica e da cisão interior da mulher, que é algo entranhado nela,- a divisão secular da mulher entre a santa e a prostituta ou ainda a pecadora - e que a meu ver só se altera através de um trabalho interior constante e do olhar de frente a nossa sombra.
Percorri muitos caminhos e convivi em mais de 20 anos, com alguns grupos de mulheres ao vivo e virtuais, e encontrei de tudo: coisas maravilhosas, muita beleza, muita alegria, mas de forma subliminar, muita dor, muito ciúme e raiva e competição, sobretudo muita inconsciência de si mesmas enquanto mulheres plenas. Qual é o drama, é que as próprias mulheres não se dão conta disso nem percebem nem veem algo que é muito subtil e subterrâneo e que faz parte da educação patrista da mulher e que nos marca a todas!
Não confundo pois a teoria e as ideias bonitas e tudo o que idealizamos só porque sonhamos e queremos ver essa sororidade, e não olhamos para as sombras e até defeitos e complexos (quem os não tem?) nem aceitamos que essa sororidade é rara (nem entre irmãs de sangue) e portanto não é ainda uma realidade relevante na nossa sociedade. O facto de eu apontar isso e querer trabalhar esses aspectos do inconsciente e sombra...isso não significa um afastamento nem uma separação, bem pelo contrário, e é o que acontece quando as mulheres são honestas e sinceras consigo mesmas e se querem ver como um todo.
Sei que há mulheres capazes, sinceras e honestas, como sei que há mulheres oportunistas e falsas que se servem dessas outras para fins bem egoistas. Portanto para quem me lê superficialmente devo frisar que ao dizer estas coisas sei que é muito ingrato, é...mas eu simplesmente no que escrevo tento alertar para o que falta fazer e para que possamos ir mais fundo nessa consciência de si como mulheres e que só nos une verdadeiramente e não embarcar numa idealização qualquer... E esta é minha maneira - no meu livro eu explico tudo e quem o ler compreenderá melhor o que quero dizer - e sei que pago o preço por apontar o lado que se nunca quer ver...e ser persona não grata para essas mulheres pois não louvo apenas o belo e o bom, mas aquilo que em nós é ainda espelho de uma educação patriarcal e que como disse não é com duas cantigas que vamos ficar conscientes de nós como mulheres plenas...de resto lamento que não percebam... e mais ainda que se sintam feridas por eu dizer o que penso e sinto!

Enquanto seguirmos as leis do patriarcado, seja na sociedade, na educação, na filosofia ou na religião, esse sentimento de vazio existencial e destruição da nossa essência estará sempre presente - é como diz a Isabel Barreno no livro A Morte da Mãe: "A Mãe foi cuidadosamente embalsamada: retiram-se todas as tripas, e rechearam-na com o falo transcendente” e as filhas, à imagem da mãe embalsamada andam todas em busca do "falo transcendente" para preencher a sua culpa e o seu vazio...
rlp
“A Mulher, a Mulher autêntica, reintegrada a sua plenitude e poder faz medo a esses sub-produtos que são os homens numa sociedade paternalista.”
Jean Markale


1 comentário:

rosaleonor disse...

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