à qual vivi, na esperança de abrigo e descanço, ancorada...
Por tão pouco tempo dançou o meu barco nas tuas vagas...
De novo o meu coração deambulará à deriva na procura de uma miragem...
Ou do espelho que me devolva o meu reflexo nas águas matriciais
ou ainda a ilha encantada que em ti julguei ter encontrado...
Era falsa a tua ilha, a tua imagem, quimera desfocada...
e a mentira inflamada de um engano mais, deu-te corpo por empréstimo.
Eras afinal ainda um erro meu, por errâncias forçado...
No meu sempre à deriva andar de credo em credo...
Procurarei agora mais fundo em mim e só na minha alma o Verdadeiro Eco
e o gesto puro da ternura que me salve sem omissões nem rescaldos.
(Anónimo)
"Ergo a cabeça de sobre o papel em que escrevo... É cedo ainda. Mal passa o meio-dia e é domingo. O mal da vida, a doença de ser consciente, entra com o meu próprio corpo e perturba-me. Não haver ilhas para os inconfortáveis, alamedas vetustas, inencontráveis de antes, para os isolados no sonhar! Ter de viver e, por pouco que seja, de agir; ter de roçar pelo facto de haver outra gente, real também, na vida! Ter de estar aqui escrevendo isto, por me ser preciso à alma fazê-lo, e, mesmo isto, não poder sonhá-lo apenas; exprimi-lo sem palavras, sem consciência mesmo, por uma construção de mim próprio em música e esbatimento, de modo que me subissem as lágrimas aos olhos só de me sentir expressar-me, e eu fluísse, como um rio encantado, por lentos declives de mim próprio, cada vez mais para o inconsciente e o Distante, sem sentido nenhum excepto Deus."
Fernando Pessoa, O Livro do Desassossego
1 comentário:
Acabei de assistir na TV, aqui em Savador-Ba., a uma entrevista com a escritora moçambicana Paulina Chiziane.
Fiquei impressionado com a sua lucidez, com a sua visão de lince adejando por sobre a África, nossa Mãe África.
Gostaria de mnter contato com Pauline Chiziane. Meu e-mail: mantonio09@gmail.com
Grato,
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