O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, outubro 28, 2004

A Mulher e o seu Mistério não é mais do que a dupla natureza da mulher, diferente da dicotomia estabelecida pelo preconceito religioso que reside em dividir a mulher justamente nos aspectos que a tormam integra: sensualidade e doçura, maternidade e erotismo, numa alteridade desses mesmos aspectos e nunca numa sisão da sua natureza que foi o que as religiões patriarcais fizeram ao longo dos séculos.


Separar a mulher da sua sensualidade em função de uma quase casta ou forçada maternidade cria um fosso e uma enorme divisão nas opções das mulheres que são obrigadas a corresponder aos esteriótipos que lhes preconizaram: ser a esposa fiel e frígida só para procriar ou a prostituta suculenta...só para vampirizar!
No ocidente o homem casa com uma só mulher "sem sexo" apenas como procriadora a mãe dos filhos e depois tem a prostituta para conspurcar com o seu desejo de macho sórdido ou pornográfico e que corresponde ao seu imaginário.... No Oriente os homens têm logo à partida várias mulheres, a primeira esposa e as concubinas...todas elas fechadas em casa; enquanto que os ocidentais têm as prostitutas no Bordel ou na rua à deriva ...
Há alguma diferença?
Há, as mulheres ocidentais ganham dinheiro... e as orientais talvez só pancada...mas todas são inferiorizadas e maltratadas. Depois há os filhos não legítimos e há os filhos da puta...e esses são a grande maioria dos homens que neste mundo usam a violência e fazem as guerras. São esses os fanáticos de todos os géneros, fruto dessa divisão de que a primeira vítima é a mulher... Paradoxalmente o homem é o grande mutilado dessa grandeza da mulher como ser Total de que foi privado como filho e amante pois é filho e amante de só metades de mulheres...cada uma para o seu lado.


O RETORNO DA GRANDE DEUSA

(...) mas a antiga detentora da soberania sobre o universo, a causa primeira de toda a existência, e isto muito antes da manifestação do Verbo que, segundo o Evangelho gnóstico de João, era no princípio (e não no começo) do mundo das relatividades concretas.

A arte da Idade Média é o reflexo de um pensamento e esse pensamento, apesar do peso do dogmatismo romano, está longe de ser unívoco. Mesmo que ela não cesse de ser consoladora, e mesmo lenitiva, a virgem medieval transmite mais do que uma mensagem, que remonta à aurora dos tempos e que se manifesta por vezes através de especulações ditas heréticas ou mesmo por meio das aberrações fantasmaticas, a saber: o conceito de uma criação permanente que não pode ser senão de natureza feminina.

Se Maria foi realmente a geradora do divino enquanto “mãe portadora”, ela apenas podia ser a incarnação de um conceito preexistente que se tornou incompreensível, incomunicável e indizível, que aparece através dos diferentes mitos referentes à criação do mundo.

(...) É o que emana da própria tradição cristã, no que ela vai haurir ao Antigo Testamento. “Eu fui criada desde o início e antes dos séculos”, segundo o Eclesiastes.


In A GRANDE DEUSA de Jean Markale

Sem comentários: