A PROJECÇÃO DO AMOR...
“Ela veio, vi-a, estava embriagado por um amor sem objecto; esta embriaguez fascinou os meus olhos, o objecto fixou-se nela”
(Confessions, Rousseau)
E DEPOIS...
“Então, a despeito da sua evidência, a separação não se deixa apanhar senão na sua interrogativa. É verdade? Acabou? Terei rompido? O Outro sobrevive em mim no instante da separação com uma tal força e uma tal insistência que o mundo perde a credibilidade: tudo flutua.
Amo quando nem a réplica do “amo-te” nem a iniciativa da ruptura souberam pôr um fim à minha passividade. Amo quando ascendo ao paradoxo de outrem, quando lhe marco um encontro e comprovo o seu afastamento, a dor da sua inacessibilidade; quando procuro escapar-lhe e tudo se inverte: o longe faz-se próximo, premente não contornável. Ele escapa-se-me e não lhe posso escapar; é a própria experiência da renúncia, a moralidade do amor: daquele que, em tudo se ocultando, me assedia, me fere e me separa de mim mesmo, do alter-ego, não sou o igual.”
(...)
“Todos os ternos enamorados são sádicos do afecto e a sua confissão de dependência é exigida de reparação”
Excertos do livro: "A NOVA DESORDEM AMOROSA"
Pascal B. E Alain Finkielkraut
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