O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, setembro 26, 2005

Notícias-gracia plena

E eu aqui
Calada, a recordar
o amor e a rir de mim
Televisão desligada!
Sigo colando figurinhas
no meu almanaque
Conta-me: Já invadiram o Iraque?
Já botaram a mão no petróleo?
Algum pai matou filho
ou vice-versa ou vide-verso?
Algum bandido virou herói
deste mísero circo
ou tema de escola de samba
para desfile na avenida?

E eu aqui
inerte...assombrada
a lembrar o amor
apaixonado!
Conta-me: Os tais Estados Unidos
leram a história de Roma,
da Pérsia, do Egito?
Então eles nada sabem
sobre o declínio dos Impérios?
Nunca leram sobre Napoleão,
Genghis khan, Satan?

E eu aqui
escondida do mundo,
no meu porão,
vou lendo Pessoa, Gedeão, Bilac
Não! Nada quero saber
da Coréia, do Iraque,
das assembleias da ONU
" O palhaço sem amor
é um assassino sério"-
acreditem-me

E eu aqui
sem abrigo antiaéreo
sem máscaras de oxigénio
Dona de casa, poeta, médica-
aumento o som estéreo:
Ouço Beethoven - A Patética.


Maria da Graça Ferraz

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