O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, setembro 01, 2005

“a vida da mulher tem sido uma realidade de partos repetidos e verdadeiramente presenciados pela morte, um ciclo natural que manteve a maior parte de sua vida centrada na áspera malignidade da realidade, na sensação de estar vivendo à beira de um abismo. Assim a criatividade feminina se consumiu nos partos, nas artes e manutenções domésticas - coisas sujeitas ao desgaste e à destruição, coisas a ser devoradas - além de não ter muito valor num contexto cultural mais amplo, embora constituam a força civilizacional básica de qualquer cultura, imediata e pessoal, construída nos pequenos interstícios do processo de manter a sobrevivência da família. Num contexto destes não é de espantar que o homem judeu agradeça a deus por não ter nascido mulher.(...)”


IN “CAMINHO PARA A INICIAÇÃO FEMININA”
De Sylvia B. Perera

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