O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, outubro 28, 2005

AS ARMAS E AS MULHERES ...

Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade, até
porque elas são desarmadas pela própria natureza: nascem sem pénis, sem
o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representado por
pistolas, revólveres, flechas, espadas. Ninguém lhe dá, na primeira
infância, um fuzil de plástico, como fazem os meninos, para fortalecer
sua virilidade e violência. As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque
têm que derramá-lo na menstruação ou no parto. Odeiam as guerras, os
exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua
convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência.
É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande
articuladora da paz.
E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher.
Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam latas d'água e
trouxas de roupa. Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque
amamentaram seus filhos ao longo dos anos. Respeito ao seu dorso que
engrossou, porque elas carregam o país nas costas. São as mulheres que
irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e
puderem fazer prevalecer a ternura de suas mentes e a doçura de seus corações.
Nem toda feiticeira é corcunda. Nem toda brasileira é só bunda.


Autora: Rita Lee

Sem comentários: