O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, julho 20, 2006

A ABISSAL DIFERENÇA ENTRE UM POETA ANTIGO E UM ESCRITOR "MODERNO"...

"Se na história não procurarmos só uma data ou um facto descarnado, mas tentarmos nela descobrir alguma coisa mais, um princípio harmónico e as leis que governam esses factos, ainda nas suas menores evoluções, veremos que a história da civilização da mulher, do seu desenvolvimento e da sua moralidade, anda sempre ligada aos factos do desenvolvimento da civilização e da moralidade dos povos:
veremos que aonde a sua condição se amesquinha, onde desce em dignidade, onde a mulher em vez do triplo e sagrado carácter de amante, esposa e mãe passa a ser escrava sem liberdade nem vontade,
só destinada a saciar as paixões brutais dum senhor devasso, aí também veremos descer o nível da civilização e moralidade: à doçura dos costumes suceder a fereza e a brutalidade; e em vez do amor, essa flor do sentimento pura e recatada, só apareceram a paixão instintiva e brutal, necessidade puramente física do animal que obedece à lei da reprodução, à devassidão e à poligamia!"


Antero de Quental,
in 'Prosas da Época de Coimbra'

O QUE PARECE "FORA DO TEMPO"
É O MAIS NATURAL À ALMA HUMANA E AO POETA...


É DIFÍCIL MESMO PARA UMA MULHER COMPREENDER A EXALTAÇÃO DESTES SENTIMENTOS E NATURALMENTE SEREI CONTESTADA SE OS DEFENDER...

Mas o que eu sinto para lá dos conceitos e esteriotipos da mulher moderna e emancipada DOS DIAS DE HOJE, que é o lugar comum defendido pelas mulheres em geral e de que esta visão delas enquanto mulheres está ultrapassada e é retrógada…

Enquanto que hoje dando uma vista de olhos pela Visão desta semana – uma conceituada revista portuguesa - leio o título de um escritor português igualmente conceituado:

“O QUE SÃO AS MULHERES”
de António Lobo Antunes e leio:

AS MULHERES SÃO COMO OS TELEFONES...?

“Estou farto de dizer aos meus amigos que a gente não entende as mulheres. São como os telefones: de vez em quando avariam sem que se saiba porquê: deixam de funcionar. Não trabalham. Levanta-se o auscultador e um silêncio opaco: Então agarra-se no aparelho, bate-se com ele na mesa e começa de novo”…

Não vale a pena continuar. Não, não é um escritor surrealista. Este é um prolífico escritor de quem eu nunca consegui ler um livro e só agora percebo melhor porquê…e SE POR ACASO ALGUM INTELECTUAL PORTUGUÊS POR ACIDENTE VISITAR ESTA PÁGINA VAI LOGO DIZER QUE EU SOU UMA FEMINISTA DOENTIA para não compreender um tão grande escritor...

Que diferença abismal entre o poeta e escritor Antero de Quental e este escritor moderno ou comptemporâneo…muito em voga e lido por mulheres…

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