O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, julho 07, 2006

A PROPÓSITO DA FEIRA INTERNACIONAL DO “EROTISMO” (EM LISBOA)
(Entre a grosseria e a obscenidade a ignorância e a ordinarice…)


Meu amigo/a estou-lhe agradecida pelo texto que me deixou nos comentários e devo dizer-lhe que concordo e conheço parte da História ou do Mito, como alguns pretendem que seja, que relatam o sentimento ancestral de sacralidade da Deusa e dos seus rituais de iniciação “sexual” e cultos de fertilidade ligados a Terra Mãe, mas hoje em dia penso e sinto que o tema está por demais profanado pelo não menos aberrante conceito cristão do pecado e pela sua perseguição secular da mulher e da sua sexualidade, como fonte do mal.

A dimensão do sagrado vivenciado no Amor da Deusa através do corpo da mulher, esse ritual sagrado como forma de iniciação do homem nas sociedade arcaicas nada têm a ver com a nossa noção de sexo mas menos ainda da prostituta ou da prostituição tendo este termo como sabe a maior carga pejorativa e abjecta que só avilta a mulher.

Nenhum homem dos nossos dias pensa já na sacralidade do corpo da mulher e ainda menos na Deusa - a não ser um iniciado dos seus mistérios - e portanto para mim a prostituição hoje é só uma forma mais de degradação e violência que se abate sobre a mulher pobre e sem recursos - mesmo que esta defenda a prostituição como “força de trabalho”; estou a lembrar-me de um artigo que li há pouco tempo em que era entrevistada uma sindicalista da profissão que defendia o corpo da mulher como um instrumento de trabalho...

Veja o quão longe se está da entrega sagrada à Deusa e da dádiva respeitada pelos nossos antepassados e a visão mercantilista e redutora do prazer pelo prazer e a comercialização do sexo, totalmente alienado do amor e servindo a mulher apenas de “contentor de lixo” tóxico das raivas e frustrações ou mesmo puro sadismo dos homens…

Olhe os jornais, olhe a publicidade, olhe as fotografias e as legendas alusivas a esta feira de “erotismo”…

Aqui, mais uma vez, percebemos que tanto o cristianismo como o marxismo só contribuíram para dinegrir a MATRIZ do mundo, a Mater e a própria origem do homem, a Mãe e a Mulher-amante aquela que o inicia tanto ao dar à Luz como no Amor da Deusa Afrodite…
As Deusas e as mulheres foram totalmente anuladas no Dogma: Pai Filho e Espírito Santo… A Virgem Maria aparece, ainda que mediadora entre o deus e o filho, somente como imaculada… não conspurcada…pelo homem?...
Este é o paradoxo absoluto da Igreja, castradora da Vida e do Instinto Vital, do Sagrado aliado à Natureza e à Terra Mãe…

Só quando o Ser Humano voltar a eleger essa sacralidade no Corpo Redentor da Mulher como Mãe e Amante, e amar da mesma forma a Terra que lhe dá alimento, o Planeta pode ser salvo do caos em que navega ao sabor das guerras e das forças policiais dos Governos…
rlp

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