O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, março 09, 2011

TEMENOS: O CORPO FEMININO...


“Aquilo que o ocidente reprime na sua visão da natureza é o ctónico, termo que significa “da Terra”, mas das suas entranhas, não da superfície.”

Camille Paglia

temenos

É uma palavra grega que significa lugar sagrado e protegido:

“O corpo feminino é um espaço secreto, sagrado. É um recito ritual, um temenos, palavra grega que adoptei nos meus estudos sobre arte. No espaço marcado do corpo feminino, a natureza opera o seu registo mais tenebroso e mecânico. Cada mulher é uma sacerdotisa que guarda o temenos dos mistérios demónincos.
(…)
O corpo feminino é o protótipo de todos os espaços sagrados, desde a caverna-santuário, ao Templo e à Igreja. O Útero é o velado santo sanctorum, um grande desafio, como veremos, para polemistas sexuais como William Blake, que procura abolir a culpa e o secretismo do sexo. O tabu que envolve o corpo feminino é idêntico ao que sempre paira sobre os lugares mágicos.
A mulher é literalmente o oculto, o esconso. Estes misteriosos significados não podem ser alterados, podem apenas ser suprimidos temporariamente, até irromperem de novo na consciência cultural. Nada pode fazer contra o arquétipo. Só destruindo a imaginação e a lobotomizando o cérebro, só castrando e operando, é que os sexos se tornariam iguais. Até lá, temos de viver e sonhar na demónica turbulência da natureza.”

In Personas sexuais de Camille Paglia

NOTA A MARGEM:

As mulheres, dentro do SISTEMA PATRIARCAL apesar de, hoje em dia, se julgarem libertas e emancipadas do ponto de vista social económico e político, ainda acusam todas o mesmo sindroma de sujeição e rendição ao homem e aos seus padrões culturais e religiosos, nomeadamente quando se trata de um mentor espiritual, um presumível mestre…tal como o faziam com os pais e os padres …é ver a luta entre elas e as suas manobras para serem as primeiras das capelinhas de qualquer Bairro esotérico…ou como na Roma antiga ou Grécia, num Harém…ou num gineceu…
A ver quais as mais virtuosas, santas ou as mais devotadas, neste caso…para que o olhar redentor do Homem as salve da sua miséria e do pecado….
RLP
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temenos

É uma palavra grega que significa lugar sagrado e protegido; psicologicamente, indica tanto um recipiente pessoal quanto o sentido de privacidade que cerca um relacionamento analítico.
Jung acreditava que a necessidade de estabelecer ou preservar um temenos é muitas vezes indicada por desenhos ou imagens oníricas de natureza quaternária, como as mandalas.
O símbolo da mandala tem exactamente este significado de lugar sagrado, um temenos para proteger o centro. E é um símbolo que é um dos mais importantes motivos na objectivação das imagens inconscientes. É um meio de proteger o centro da personalidade, pois impede que ela seja atraída para fora ou que seja influenciada pelo mundo exterior.

in "Léxico Junguiano" de Daryl Sharp, pág. 153-154

3 comentários:

Helena Felix (Gaia Lil) disse...

Minha irma sagrada, as vezes a Deusa nos dá trabalhos e nós não percebemos que aquilo é a obra Dela...E depois pensamos como foi que conseguimos fazer aquilo falar dela de forma inteligente ou ajudar uma mulher, etc. só no instinto sem frenquêntar um curso nem nada nem fazer meditação ou ritos...Rimonos e percebemos que já fazemos o trabalho da Deusa na terra.Verdadeiramente NÓS SOMOS A DEUSA

Muitos e fortes abraços (enérgicos como devem ser)

Gaia Lil

Helena Felix (Gaia Lil) disse...

E a utilidade disso para uma seguidora da Deusa é?

rosaleonor disse...

Boa pergunta Gaia Lil...

abraço grande

rosa leonor