O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, outubro 08, 2013

A MULHER TEM DE APRENDER POR SI


"Quem vai Curar a Mulher deste Acidente Criminoso na sua História, que a mantem dependente de receitas erradas? Antes de mais, ela própria, com a consciência que outras mulheres lhe irão despertando por ensinamentos e testemunhos de factos. Depois a denúncia. Se por um lado há todo um caminho interior a fazer, por outro, há um caminho exterior que é esse, o da permanente denúncia, a alertar não só as mulheres, mas os homens e toda a sociedade. Seria dramático para a mulher conseguir-se inteira e depois não haver espaço correspondente onde se mover. Há que trabalhar nos dois sentidos. A reconciliação entre o feminino e o masculino só é possível quando estiverem perfeitamente alinhados em consciência de si, a mulher, o homem, a sociedade...e talvez como nas pirâmides, os astros do universo..."
Graça Mota
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Queria muito especialmente responder a esta afirmação por ser de extrema importância...


 
"Seria dramático para a mulher conseguir-se inteira e depois não haver espaço correspondente onde se mover."

Digamos então o seguinte: o problema da mulher não é tanto o drama de se tornar integral e depois não se poder mover...porque o drama é mesmo a mulher conseguir ou não tomar consciência do seu ser em plenitude - enquanto mulher total - porque antes o trabalho é unicamente o de ela ter consciência da sua cisão psíquica e emocional e esse processo vai ser muito longo e muito difícil de apreender e consciencializar; o que acontece porém é que essa consciência é inerente ao próprio processo e à medida que ela se vai consciencializando da sua cisão ela vai mudando de atitude e ganhando coesão de identidade...Isso implica muitas coisas que não vou aqui desenvolver, mas à partida essa mudança far-se-á paulatinamente nela e fará também com que ela saiba lidar com essa falta de espaço para si inteira no exterior...gerindo melhor as agressões sociais e familiares as mais frontais ou subtis e as dificuldades concretas com um maior encaixe individual e capacidade de se entender a ela mesma...e digamos que também pode ir colocando o homem (e o filho) no seu lugar, não depender tanto dele, não projectar tanto nele, não continuar no sonho de um romance cor-de-rosa etc. nem fazer do filho a realização das suas frustrações...como tantas mães fazem!
Porque minhas amigas eu não creio que a mulher possa "trabalhar nos dois sentidos" consciencializar-se da sua cisão, ir fazendo a integração de uma parte mutilada de si e ao mesmo tempo ajudar o homem a evoluir...Não, não vejo isso possível a não ser obrigando-o a respeitá-la mais e a colocar-lhe limites onde ele não os tem, a parar o abuso a todos os níveis...tal como o de ele se usar e servir da mulher sempre para seu benefício exclusivo...e ter na mulher o seu suporte-bengala para todo o serviço; mas não, na realidade não a creio nem com disponibilidade de fazer um trabalho com e para o homem, no sentido de o consciencializar a ele também, porque esse não é o seu papel neste processo...

O homem tem de evoluir por ele...e quando a mulher o colocar no seu lugar, então ele vai aprender, como a mulher TEM DE APRENDER POR SI.

 A mulher neste processo está a sair do domínio do seu predador secular...ela é uma vítima do síndrome de Estocolmo e isso reflecte-se sempre na simpatia e cuidado que a mulher tem sempre perante o homem "coitadinho" mesmo quando foi violentada, não importa se física, verbal, ou psicologicamente.
Portanto minhas amigas, não vejo que as mulheres possam ou devam ocupar-se também dos homens por necessidade de se poderem mover num espaço enquanto mulheres integrais...
Uma mulher integral tem muito para dar e será bem mais útil se continuar a ajudar as suas irmãs e filhas e tias e avós e anciãs, do que procurar ajudar os homens...e sabem porquê? Porque eu não acredito que eles vão mudar a não ser pela força das circunstâncias e quando as mulheres já não caírem nas armadilhas do patriarcado...

Homens espirituais ou feministas, os mais bem-intencionados quase todos eles não cederão o seu poder nem o seu domínio...nem desistirão de ter esse suporte exclusivo das mulheres ao seu serviço, sejam as mães sejam as “suas” mulheres...sejam as suas seguidoras e fiéis, quando as mulheres se tornam devotas e consultoras ou pacientes de Mestres e Facilitadores...
Assim como ocês podem até ter filhos e alguns são fantásticos e outras de vocês até conseguiu algo fantástico do marido que a acompanha etc. mas quando chegar o momento da prova, os mesmos preconceitos e as mesmas premissas estão lá...e eles vão reclamar...
 Assim, eu digo-vos, o FOCO tem de ser exclusivamente mantido na Mulher e em si mesma...o trabalho é grande e penoso...
É muito difícil mover esta consciência de um fundo milenar pantanoso onde a mulher sempre se atolou e viveu presa...em sofrimento e renúncia, em dedicação e entrega, em dádiva de tudo e em troca de si mesma. Recuperar essa identidade e essa liberdade de Ser Mulher sem ter de servir ninguém é muito, muito difícil se não for impossível...e isto é o que sinto e penso.
Continuarei para lá de tudo isso a fazer o meu trabalho e a pregar aos peixes...entre  tantas mulheres alguma me há-de ouvir e entender.
E sim, digo, é preciso trabalhar nos dois sentidos, mas cada um do seu lado e caminhando ao encontro de si mesmo/a. Quando cada um se encontrar em si - os dois sexos ou mais..._ o encontro entre eles e o respeito mútuo será natural e não precisa de ajuda do outro enquanto os ESPELHOS ESTIVEREM SUJOS...
O meu conselho é: mulheres façam o vosso trabalho convosco mesmas e esqueçam os homens...e se tiverem filhos homens, sim, marquem-lhe os limites e exijam mais respeito sem concessões onde se perdem por "amor"...tal como com os vossos maridos e amantes...e isto se quiserem mesmo ser Integrais...

 Se não, esqueçam...Fica para aproxima encarnação…

 rlp

2 comentários:

Ná M. disse...

MUITO BOM! Quem dera todas as mulheres se conscientizassem, lessem o seu blog ....

Unknown disse...

Perfeito! só assim, só em nós mesmas. É a única saída que vejo diante de tantos vícios e corrupções. É um TRABALHO IMENSO e diário,o de não se deixar levar por condicionamentos. Observação na maturação desse amor próprio!