O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

UMA LIVRARIA DE MULHERES...


UMA IDEIA...
Sobre uma livraria só de mulheres...


Parece que nos dias de hoje, os dias da tão apregoada emancipação da mulher, em que a igualdade dos sexos e a sua liberdade diz-se e lê-se nos manuais ser uma realidade, que pensar fazer uma Livraria só de mulheres e escritoras, pode parecer uma aberração… algo contrário ou contra natura…? E que não faria falta nenhuma – passados tantos anos de conquistas do feminismo por um lugar ao sol – haver agora um lugar só para mulheres onde os homens não entrassem, e as mulheres encontrarem-se numa livraria só delas; isso seria visto como um atraso social, cultural e histórico talvez, além de que “naturalmente” suspeito…
O que é que as mulheres querem e podem fazer SEM um homem?
Isto parece uma abominação…uma coisa impensável…um retrocesso – sem o homem nem igualdade, a paridade?
Mas eu digo-vos o porque da necessidade de uma livraria só de mulheres…
E é muito simples compreender. Finalmente há mulheres escritoras a escreveram sobre a sua natureza e a sua sensibilidade o seu prazer…e não o Homem a determinar o que é uma mulher…
Sim, precisamos de uma ou mais muitas livrarias só de mulheres e escritoras porque durante séculos só os homens disseram e ditaram as leis e as normas e os dogmas…as mulheres leram e até escreveram o que os homens disseram sobre elas. Foram os homens, psiquiatras escritores e médicos, filósofos e teólogos e cientistas e antropólogos, os únicos a usar a palavra e a designar o que era importante na vida dos povos e das mulheres…Eles escreveram sobre o que elas sentiam e queriam (ou não sabiam o que elas queriam) e sobre a sua sensualidade/sexualidade…eles determinaram o que elas deviam ou não fazer, se eram mães ou prostitutas…etc. Eles tinham a palavra em exclusivo, a mulher essa foi votada ao descrédito por Apolo e até Lacan, nunca mais as mulheres tiveram voz…ou palavra…remetidas ao silêncio.
Atenas negou a Mãe e passou para o lado do Pai…e é essa mulher Escudo e armas que é aceite e vive hoje na pele da trabalhadora, policia, soldado, politica e profissional de carreira, na maioria das mulheres…
Elas não se relacionam de maneira nenhuma com a sua natureza profunda nem com os ritmos da natureza e do sangue e negam todos os aspectos dessa ligação à terra mãe e as forças telúricas…negam a lua mesmo quando estão com a lua...
“Mas, dirão, isso seria um atraso de vida, é voltar atrás no passado”, é também o que pensamos por força do hábito…mas o que nos escapa aqui é precisamente aquilo que nós não querermos ver: o que está a acontecer com as mulheres nos dias de hoje neste mundo dito livre, em que as mulheres mais do que nunca continuam a ser e são as maiores vítimas da exploração sexual, seja através de tráfico de mulheres para prostituição da parte de Mafias em todo o mundo, seja a nível doméstico e social, seja ainda a nível da arte e cultura e a literatura em geral…em que a sua imagem é submetida à pornografia e à violência consentida e dita apelativa ou erótica… como é o caso das 50 sombras de nada…
Elas deixaram de ser esposas fiéis e freiras talvez, elas deixaram de ser submissas e subservientes aos homens nos moldes das suas mães e avós…mas elas transformaram-se em máquinas de produção e consumo e ter filhos é como máquinas e o sexo igualmente é uma função genital e toda a sacralidade e profundidade da vida despareceu do mapa e da vida das mulheres. Elas não são mais respeitadas nem como mães nem como amantes, nem como seres humanos…elas deixaram de ser senhoras em casa e passaram todas a ser putas na cama… dirão que sou exagerada, mas olhem as publicidades e os discursos…A mulher vulgar, a que "se oferecia"… antes era uma abjecção…agora é o modelo de virtude e sê-lo é um elogio máximo…uma vocação…ser sexual, ser-se sexy, ser um corpo objecto, ou uma máquina reprodutiva (barriga de aluguer)… é tudo o que a mulher sonha…e por isso que ela luta hoje ao fim e ao cabo. E nós vemos, claro que não vemos é que com tudo isto afinal …não há mulheres! As mulheres com todos estes avanços e conquistas, perderam completamente a sua identidade, a sua dignidade…Elas não sabem já quem são ou quem eram.
Por isso vos digo que o que mais urge hoje é uma Livraria de Mulheres e um Espaço direccionado a um estar e ser mulher que não é essa mulher que depois de conquistada tanta liberdade sexual e de expressão, além de alienada de si mesma ela se mantem a vítima preferencial de violência sexual e doméstica. Quer isto dizer que falhou ou falta qualquer coisa de fundo que permitiu esta discrepância e esta ignomínia e permitiu o ataque geral que é feito em todo o mundo à Mulher e tomou o nome de Feminicídio… e ninguém quer ver como a mulher é morta e violada em todas as "guerras", só porque é mulher.


Uma livraria de mulheres seria uma referência de autoras e escritoras que buscam essa essência perdida…essa Mulher dos Primórdios, a Mulher consagrada pelos poetas e bardos, a sacerdotisa do amor, a iniciadora da Deusa etc. A mulher realmente senhora de si mesma de outrora...muito antes das invasões bárbaras começarem...
 
Uma livraria de mulheres seria um lugar de eleição onde as mulheres se sentissem em casa e sem a compulsividade de atrair o macho e servir o homem…onde o livro não fosse sempre o romance de cordel ou do príncipe encantado em busca do amor romântico; um lugar onde houvesse livros que as libertasse de ideias alheias, as filosofias de doutores e professores que disseram e escreveram e ditaram os comportamentos que a condicionarem e fizeram esquecer da sua intuição, da sua capacidade de sentir e a desviaram da sua sabedoria interna e da inteligência do coração.
 
Uma livraria de mulheres que seria uma aposta de reconquista da mulher verdadeira…e não mais um lugar de informação e manipulação do seu ser ao serviço exclusivo do homem e da Sociedade patrista, o que aconteceu sem que a mulher se desse conta e hoje ela ser bem mais escravizada de quando era escrava ou concubina ou esposa casta, tendo-se colocado do lado do masculino exclusivamente e sem noção sequer da sua verdadeira feminilidade, tomando a sua identidade pelo travesti que o homem desenhou para si – ou fez dela um estereotipo subproduto desse imaginário masculino da mulher idealizada pelo pater e quase sempre de fundo misógino ou pederasta…

Uma livraria de mulheres pois, que reunisse autoras e escritoras que escrevem e levantam o véu deste problema moderno e que se quer branquear a todo o custo, e não apenas promovendo essa liberdade como é o caso das feministas nas décadas passadas, em luta pela igualdade e pela liberdade sexual das mulheres apenas; eu diria que hoje precisamos de lutar por uma CONSCIÊNCIA DO SER MULHER, do feminino ontológico, e lutar antes por uma dignidade e uma identidade do ser mulher em si, ou seja: precisamos urgentemente de tomar consciência do que é ou QUEM É a verdadeira Mulher; precisamos de resgatar essa essência feminina que em nome da tal liberdade e igualdade foi depauperada e traída na sua natureza intrínseca e mística - quase sempre por contra-conceitos anti religiosos ou conceitos marxistas que em nada beneficiaram essa Mulher interior e natural diria, que se perdeu totalmente de si e da sua natureza, com medo de que a mulher continuasse presa a uma imagem de mãe e de santa, a casta e obediente esposa para passar a ser uma mulher livre, racional e fria, com profissões várias, ir a guerra, matar, em vez de dar vida, ser polícia ou política etc. e portanto já sem a canga familiar …etc.
Uma livraria de Mulheres, um lugar de eleição e de consciencialização para as mulheres que se buscam e querem encontrar a si próprias sem o jugo intelectual e sexual do Homem…
rosaleonorpedro

4 comentários:

Fernanda Sampaio disse...

Gosto da ideia. E necessitamos mesmo de uma Livraria de Mulheres!

rosaleonor disse...

E verdade, seria bem necessária - para as mulheres nõa continuarem perdidas no pensamento e ideias masculinas...as mulheres pensam pela cabeça dos homens...

Anónimo disse...

Cuidado, hoje em dia fazer um espaço exclusivo para mulheres, é extremamente ofensivo para os transgeneros. Se o movimento souber, vão acusar as mulheres de transfobia.

rosaleonor disse...

Nenhum problema com os transgeneros - pessoalmente para mim são uma farsa e não me preocupa nada isso. Mulher é mulher e homem é homem - o resto é bicho ou bicha - a questão vital é muito simples: TODOS SOMOS HUMANOS? se calhar não somos...mas só conheço e reconhece uma condição: a humana e mais nenhuma. Homossexuais para mim são seres humanos - imitações e amputações são crime contra natura...

rlp