O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, dezembro 23, 2020

UMA CARTA DE AMOR.




O dia em que mandei uma carta de amor à Rosa Leonor Pedro

Publicado porVi Murphydezembro 22, 2020Publicado em Profundezas do ser!





Rosa Leonor Pedro. Peguei no seu livro “Lilith, a Mulher Primordial” hoje às 18h na Ishtar, comprei-o. Comecei a lê-lo às 23h e acabei de o ler agora (3h03 a.m.).

Antes de fazer tudo isto, fui à Peninha, mas não sei porquê, apenas fui. No meio do nevoeiro denso, sentei-me num penedo, e no silêncio e na densidade da floresta chorei. Chorei ali muito baixinho (enquanto queimava por dentro) durante horas, sentada naquela pedra, porque me senti sozinha num mundo que não compreendo e que todos os dias luto tanto para conhecer e saber. Nisto olhei para o penedo onde estava sentada e para as árvores e pela primeira vez vi de facto o que estava à minha volta. Pensei que elas já tinham presenciado tanta coisa, existiam há tão mais tempo que eu, que dentro de mim surgiu a dança ainda antes de haver música. Resolvi presentear uma pedra e as árvores com um bailado, porque é a única arte que tenho em mim. Coloquei uma música com um piano profundo, que ressoasse na natureza viva, e percebi que tudo ali estava vivo, mesmo o que não estava, e eu estava viva com tudo. Ali chorei e dancei, e dancei e chorei, até sentir o que a pedra sentia, ouvir o que as árvores diziam e respirar finalmente a densidade do ar. Libertei-me e de chorar passei a sorrir, e dancei a sorrir até ao fim com uma verdadeira alegria e um pesar transformado em arte, e eu cheia de vida, de paixão, de amor, em conexão com todos os elementos. Dançar é a minha forma de fazer amor com o mundo e eu fi-lo ali.

Sai dali a pensar que era uma anormal perdida num planeta.
Afinal não sou uma anormal, nem tampouco estou sozinha. Sou uma mulher e existem mais como eu.

Obrigada. O seu livro mudou a minha vida no dia em que a minha vida estava a ser mudada.

Se pudesse abraçava-a. Um grande beijinho. Vi.


PS1- Aconselho vivamente a todas as mulheres (independentes, diferentes, putas, visionárias, anormais, acorrentadas) a lerem o livro.

PS2- A Rosa Leonor Pedro, essa mulher linda, visionária e plena, respondeu-me com o mesmo amor que lhe dirigi.

PS3- Quem gozar com o facto de eu ter dançado para uma pedra vai levar cá uma puta no focinho!

2 comentários:

Maria disse...

Passando. lendo, elogiando, agradecendo, e deixando votos de um feliz e Santo Natal Boas festas.

rosaleonor disse...

Maria, muito obrigada. Desejo-lhe um bom ano e que continue atenta a si mesma neste esforço permanente que manter a nossa lucidez e consciência vivas... Um abraço grande.